Quatro dias após o Metrópoles mostrar o funcionamento de um drive-thru do sexo em estacionamentos do Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek, a movimentação de homens em busca de transas rápidas permanece intensa. A reportagem voltou ao local na terça-feira (30/1), mas, apesar de o GDF garantir ter intensificado as rondas na região, a denúncia do point de sexo ao ar livre não inibiu ou alterou a rotina dos frequentadores.
A pé, de moto ou carro, a agitação nos estacionamentos 1 e 2 é constante. Em poucas horas, foi possível flagrar a circulação de dezenas de veículos e pessoas. Quem chega andando caminha a passos lentos e repete um ritual próximo às árvores: ficar parado à espera de um potencial parceiro. Alguns ousam se masturbar enquanto não surgem interessados, outros se aproximam de carro e fazem abordagens sem nenhum pudor.
Funcionários terceirizados do Parque da Cidade confirmam que a situação é antiga e não há orientações específicas por parte da administração para lidar com sexo explícito. “Não recebemos qualquer pedido desde a publicação da reportagem. Isso sempre foi assim e vai continuar. Nós cuidamos mais do patrimônio público. A Polícia Militar é quem fiscaliza esses casos, porque normalmente acontecem nos estacionamentos”, relata um vigilante, sob condição de anonimato.
“Nós já trabalhamos em todos os pontos do Parque da Cidade e sempre vimos ocorrer [o sexo ao ar livre]. Não temos muito o que fazer, e acredito que não há uma preocupação grande com isso”, salienta outro profissional. Um servidor da limpeza acrescenta: “Acontece de tudo aqui. Nos banheiros, não é diferente. Se não respeitam nem as crianças brincando no Castelinho, muito menos aqui!”.
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Na manhã de terça, foi possível ver militares da cavalaria montada da PMDF circularem próximo aos estacionamentos 1 e 2. Não houve, porém, qualquer abordagem aos frequentadores. No estacionamento 1, de maior movimentação no período em que a equipe esteve no local, os militares cruzaram o espaço pela ciclovia.
A reportagem esteve na Administração do Parque da Cidade às 11h. O responsável pelo local, Alexandro Ribeiro, não se encontrava. Semanalmente, o segundo maior parque urbano do mundo recebe 50 mil pessoas.
Frequentadores cobram solução
O fato é que as cenas não passam despercebidas. Quem vai ao Parque da Cidade praticar esporte e circula próximo aos estacionamentos 1 e 2 demonstra incômodo, tanto pelos atos sexuais como pela falta de cuidados da administração. “Durante o dia, aqui é seguro. Em relação ao estacionamento, constrange quando você passa pelo local. O pessoal assedia a pé ou nos carros, fica muito perto da ciclovia”, conta o farmacêutico Carlos Magno, 42 anos, quem corria no local.
Magno acredita que coibir o acesso a alguns estacionamentos é uma solução. “Deveriam até colocar pessoas da segurança privada para fechá-los. Ele só serve para isso. Há vários outros que o pessoal usa com o propósito de estacionar, mas não é o caso desse. Aqui, as pessoas só vêm para procurar sexo”, conclui.
Frequentador do Parque da Cidade há três décadas, o advogado Renato Leão, 47 anos, afirma que o problema merece uma atenção maior. “Não é questão de fechar o estacionamento ou proibir o acesso. É fazer uma campanha de conscientização, não só dos perigos relacionados à segurança publica, mas também da questão macro, como a possibilidade de doenças sexualmente transmissíveis”, analisa.
O artigo 233 do Código Penal brasileiro define a prática de obscenidade em lugar público ou exposto ao público como crime cuja pena é detenção de 3 meses a 1 ano, além do pagamento de multa.
GDF promete resposta
Questionada pela reportagem, a Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer informou que a administração do Parque da Cidade irá se reunir nos próximos dias, com as forças de segurança e demais secretarias do Executivo local, para a construção de um plano estratégico para o combate ao uso indevido do local.
“Ressaltamos que a equipe de vigilância patrimonial do Parque aumentou, e o número de rondas no local também foi alinhado, junto à Secretaria da Segurança Pública, à intensificação do monitoramento da área”, informou a pasta, por meio de nota.
Fonte: Metropoles
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