O Facebook tem falado sobre uma enorme revisão em seu Feed de Notícias — seu principal produto — depois de críticas amplas e merecidas de que a plataforma havia servido como megafone para desinformação em uma escala sem precedentes. Nesta sexta-feira (19), o CEO Mark Zuckerberg anunciou como seu site lidaria com as notícias, e a solução é, bem possivelmente, a mais estúpida imaginável.
“Hoje, estou anunciando nossa segunda grande atualização neste ano: garantir que as notícias que você vê, embora em menor quantidade em geral, sejam de maior qualidade”, escreveu Zuckerberg, criticando o “sensacionalismo, a desinformação e a polarização” cuja criação teve uma boa participação do Facebook. Se tem uma coisa que aprendemos com o advento das “fake news” e sua propagação nas redes sociais em taxas alarmantes é que a maioria das pessoas tem uma alfabetização midiática abismal e tem dificuldades ao tentar separar informações verdadeiras das que não fazem sentido algum. Então, qual a solução que o Facebook, uma empresa enorme, rentável e que emprega algumas das pessoas mais inteligentes do mundo, decidiu buscar?
Podemos tentar tomar essa decisão nós mesmos, mas isso não é algo com que estamos confortáveis. Consideramos perguntar a especialistas externos, o que tiraria a decisão de nossas mãos, mas provavelmente não resolveria o problema de objetividade. Ou podemos perguntar a vocês, a comunidade, e receber seu retorno para determinarmos o ranking.
Decidimos que ter a comunidade determinando quais fontes são amplamente confiáveis seria mais objetivo.
CACETE, MARK. Se as pessoas não conseguem diferenciar verdade de baboseira, por que essas mesmas pessoas vão ser usadas para ranquear publicações em uma escala de confiabilidade?
Temos que reconhecer que isso dá ao Facebook um bode expiatório muito bom quando essa ideia inevitavelmente sair pela culatra: nós. Se escolhemos quais sites de notícias achamos respeitáveis, então fica por nossa conta decidir quando o NewsInfo.biz alegar que um asteroide está vindo na direção de Staten Island ou que o governo está tramando colocar microchips no abastecimento de água.
Talvez estejamos queimando a largada. O Facebook pode ter selecionado essa informação de ranking de uma maneira sensata e séria. Talvez isso não seja tão sombrio, estúpido e obviamente falho quanto parece. Com a palavra, Mark:
Eis como vai funcionar. Como parte de nossas contínuas pesquisas de qualidade, agora vamos perguntar às pessoas se elas estão familiarizadas com uma fonte de informação e, caso estejam, se elas confiam ou não nessa fonte. A ideia é que alguns veículos de mídia sejam apenas confiados por seu leitores ou espectadores, e outros sejam amplamente confiados pela sociedade, mesmo por aqueles que não os seguem diretamente.
Pesquisas.
Malditas pesquisas.
Pesquisas que, se forem como algumas anteriores em relação a confiança em publicações, quase certamente vão concluir que a cobertura partidária tem muito mais credibilidade do que nomes como Associated Press ou Reuters, que buscam a objetividade.
Estamos ansiosos pela enxurrada de informações não verificadas e o banho de sangue de publicações falidas que com certeza vão seguir esse ponto central brilhante.
Fonte: Giz Modo
Créditos: Bryan Menegus