Justiça acuada

Roberto Cavalcanti vê Justiça “acuada” com o julgamento do ex-presidente Lula

Diretor da Confederação Nacional da Indústria e proprietário do Sistema Correio de Comunicação, o empresário Roberto Cavalcanti afirma, hoje, em artigo no jornal impresso “Correio da Paraíba” que os três desembargadores do TRF-4 de Porto Alegre que julgam os processos da Lava Jato estão praticamente acuados diante do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no próximo dia 24. Cavalcanti, que foi suplente de senador e chegou a exercer o mandato titular, fazendo pronunciamentos na tribuna do Congresso, atritou-se publicamente com Lula por causa de um comentário no “Correio da Paraíba” em que atacou o ex-presidente e a ex-presidente Dilma Rousseff. Lula reagiu em entrevista à rádio Arapuan de João Pessoa, por telefone, desqualificando o empresário.

Os desembargadores Leandro Paulsen, Gebran Neto e Victor dos Santos Laus serão os julgadores de Lula na sessão prevista para a próxima quarta-feira e que terá repercussão internacional, com possibilidade de atos públicos em solidariedade ao ex-presidente nas proximidades do TRF-4. Roberto Cavalcanti frisa que Lula é a estrela da lista de políticos e empresários investigados pela Operação Lava Jato por suposta corrupção passiva ou ativa, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a nove anos e seis meses de prisão, mas o magistrado não decretou a prisão. Uma virtual condenação e prisão por parte dos juízes de Porto Alegre implicarão na inelegibilidade política de Lula, que já se anunciou novamente candidato a presidente da República este ano.

Para o proprietário do Sistema Correio de Comunicação, há uma pressão sobre os juízes para que não condenem Lula. Ele enfatiza, no artigo: “Em todos os meus bem vividos anos jamais soube de réu pressionando juiz publicamente. Para mim é inédita a possibilidade de convulsão social pela confirmação de condenação por corrupção, crime que não é contra uma pessoa, mas contra todos os brasileiros. O pior é que o exemplo tem muita força. E se o Comando Vermelho, no julgamento de um de seus membros, decidir ir para a porta do tribunal para pressionar o magistrado? Vamos admitir? Vamos considerar como natural do regime democrático?”. Para Cavalcanti, é compreensível a postura do réu posando de vítima. E adianta: “Que se lance candidato para ter como falar em “perseguição”, é uma estratégia para confundir os desinformados, mas ainda no limite. Baderna está fora”.

O dono do jornal “Correio da Paraíba” ressalta que o PT tem um “exército” de ex-comissionados e apadrinhados sonhando em voltar ao governo e ainda mobiliza entidades como a CUT, o MST e outros movimentos para Porto Alegre. Lembrou o aviso da senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, de que para prender Lula “vai ter que matar gente”. E indaga: “Está (ela) pregando a desobediência civil?”. O TRF, conforme Cavalcanti, comunicou ao STF que os magistrados estão sendo ameaçados ,estão acuados. “Se o resultado não for o que interessa a Lula, o que haverá?”, indaga. E arremata: “Se o resultado levar todos os outros brasileiros à percepção de que a Justiça não é para todos? Não esqueçamos que “a primeira igualdade é a Justiça”, como disse o poeta e estadista Victor Hugo. Já perdemos muito, mas não a crença em nossas instituições”.

Fonte: Os Guedes
Créditos: Os Guedes