Pra onde caminha o PT?

Nilvan Ferreira

Todo mundo sabe que é extremamente difícil entender as coisas que acontecem internamente no PT. É uma verdadeira colcha de retalhos. Um partido cheio de tendências. Cada uma delas com os seus aspectos ideológicos, teses, diferentes formas de analisar o mundo, as formas de poder e a conquista dele. Pois bem. Em se tratando de PT, o partido do velho Lula, é melhor nem tentar entender a intimidade do partido representado pela estrela.

Agora, aqui na Paraíba, o PT, ao que parece, é dez vezes mais complicado do que nos outros locais do país. Em João Pessoa, a briga para definir qual será a posição a ser adotada pela legenda já causou de tudo. Já teve troca de tapas, empurrões, agressões mútuas, chaveiro contratado para abrir porta, óculos quebrados, entrevistas apimentadas e tudo mais.

Acontece que, para não fugir da normalidade, eis que surge mais um fato pitoresco na atual disputa pelo controle das decisões do partido na capital. O que até ontem era 6.156 aptos a votar, segundo declarações do próprio presidente, Antonio Barbosa, hoje se transformou em 4.660 eleitores, que podem decidir o que o PT assumirá em termo de comportamento político nas eleições deste ano.

A misteriosa lista, tão escondida a sete chaves, motivo de tanta discórdia, estava eivada de erros, nomes repetidos, multiplicados, além de outros detalhes grotescos, muito parecidos com os velhos métodos usados para ganhar uma disputa no “grito”, na “manha”, na sabedoria, na “maciota” ou coisa parecida.

O PT, com as “presepadas” da disputa recente no partido, onde uma turma defende continuar de joelhos para o REI RICARDO, obedecendo a tudo que mandar o PSB; e a outra banda, liderada pelo deputado Luciano Cartaxo, defensor da tese de que a legenda apresente um candidato próprio, bem que podia ser um exemplo de disputa sadia, num dos partidos que mais exercita democracia e confronto de opiniões.

O fato é que a direção do PT da capital mostrou-se incompetente, indisciplinada, anárquica, autoritária, irresponsável e entreguista. Um partido que se apresenta como o maior do país não pode ser dar ao luxo de cometer as insanidades que ora assistimos. Nem sequer um computador existia na sede do partido para que uma comissão pudesse atualizar a relação dos filiados com direito a voto no próximo dia 18.

E agora? Quem perdeu votos com a redução no número de votantes? De onde ocorreu a sangria? Quem tinha mais votos duplicados na lista? E porque Antonio Barbosa não ousou em novamente anunciar números sobre o resultado final da disputa? Ele não teria mais a certeza da vitória? Cadê a “boca de urna” que a imprensa do governo chegou a divulgar no inicio da semana?

A verdade é que a tese da candidatura própria marcou um ponto importante no atual momento da disputa. Conseguiu fôlego no discurso, na perspectiva de vitória. O grupo liderado por Luciano Cartaxo pode ofertar o revés que Luiz Couto, Barbosa e companhia limitada não esperavam neste momento. A disputa entra numa nova fase. Os números estão confusos e só o dia da votação poderá clarear o que hoje representa dúvida e interrogação.