O modelo RC/Agra está em extinção

Gilvan Freire

Não há como o prefeito Luciano Agra se eximir da responsabilidade pelos erros administrativos cometidos pelo ‘estilo girassol de governar’ – um modelo de gestão herdado do PT, onde RC esteve ao tempo em que tudo isso aparecia no cenário brasileiro como um divisor entre as velhas repúblicas e a ruptura prometida pela era Lula.

No essencial, depois que o governo Lula foi buscar apoio dos setores mais conservadores da política brasileira no congresso – de onde os petistas mais ortodoxos copiaram os manuais da corrupção, – a experiência petista de governo ficou igual às pré-existentes.

Afinal, o que seria mesmo o ‘jeito petista de governar?’ Nada de extraordinário aconteceu em qualquer lugar do Brasil com essa pretensa experiência renovadora de gestão pública. Prefeitos e governadores bons e ruins continuam existindo em todo o território nacional, com a surpreendente constatação de que os mais impopulares, o que geram mais frustrações no eleitorado, são precisamente os petistas, com raras e localizadas exceções.

Em João Pessoa, talvez pela circunstância de ter sido incumbido de guardar um governo que não era seu, porque não foi escolhido gestor pelos eleitores, Luciano Agra terá de suportar todos os equívocos, erros e desvios da atual administração da capital.

O que restou claro, especialmente depois que RC chegou ao governo do Estado conduzindo o estilo inventariado pelo PT, quando seu espólio ainda tinha patrimônio ético para dividir, é que esse modelo é uma massa falida igualzinha as massas falimentares das repúblicas velhas.

Mas as coisas se complicam na medida em que palavras novas foram inseridas no vocabulário reformista, tais como: ‘gestão democrática’ e ‘caráter republicano da administração’, duas expressões inovadoras criadas para encobrir o viés autoritário e totalitário de administrações contaminadas pela baixa produção de resultados e pelos graves desvios de conduta.

No período Agra, marcada até agora pela fraca resolução dos problemas mais críticos da cidade e pela desconsideração ao que pensa seu povo, a mais visível colaboração do atual prefeito a seu patrão é punir a sociedade para puder salvar um governo medíocre. O decreto das multas, que tem vários efeitos draconianos, além da utilização criminosa contra uma população indefesa e, possivelmente, contra os adversários do governo no ano eleitoral (excesso de multas nos comitês e nas mobilizações), está inteiramente conforme com o tipo de diálogo que RC inaugurou no governo, em que ao povo cabe apenas entrar com os ouvidos e com a obrigatória aceitação. Vai dar errado, se ainda for possível dar mais na escala do previsível.