Inflação

Pela primeira vez presidente do Banco Central terá de explicar inflação abaixo da meta

A menor alta dos preços em quase 20 anos aumentou a chance de descumprimento da meta de inflação em 2017.

A menor alta dos preços em quase 20 anos aumentou a chance de descumprimento da meta de inflação em 2017. Após os números divulgados, grandes bancos passaram a prever que o IPCA subirá menos que 3% no ano. Confirmado o dado, será a primeira vez que o Banco Central terá de se explicar por descumprir a meta porque preços não subiram nem sequer o mínimo previsto pelo governo. Em todos os outros quatro descumprimentos da meta, a inflação estourou o teto aceitável.

A inflação de 0,28% em novembro obrigou economistas a refazerem projeções para o IPCA. Horas após a divulgação da alta abaixo do esperado, os dois maiores bancos privados do País anunciaram que agora preveem inflação de 2,8% no ano.

Até esta sexta-feira (8), Itaú Unibanco esperava 3,3% e Bradesco, 3,1%. Confirmadas as novas projeções, o BC estará na inédita situação de errar para baixo a meta que prevê inflação de 4,5% com margem entre 3% e 6%.

Quando o BC descumpre a meta, o presidente da autoridade monetária deve redigir carta ao ministro da Fazenda para explicar as razões do fracasso na missão estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Desde o início do atual regime de metas adotado em 1999, a meta não foi cumprida em quatro anos: 2003, 2004, 2005 e 2016 – sempre porque a inflação subiu mais que o permitido.

Em duas dessas ocasiões, Henrique Meirelles era o comandante do BC e teve de escrever cartas endereçadas ao ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci para se explicar. Agora, Meirelles poderá ser o destinatário das explicações de Ilan Goldfajn.

Nos últimos documentos, o Comitê de Política Monetária já deu algumas pistas sobre como poderá ser essa argumentação. Em um cenário ainda de saída da recessão no Brasil, o BC tem dito que boa parte da surpresa inflacionária tem sido causada pelos alimentos. Em setembro, os diretores da casa disseram que a queda desses preços contribuiu com mais de 2 pontos porcentuais no processo de desinflação. Ou seja, sem os alimentos, a inflação em 12 meses, que atualmente soma 2,8%, poderia estaria perto de 4,8%.

Economistas do Itaú Unibanco concordam, mas também citam que os serviços têm contribuído com a fraqueza dos índices. Além disso, notam que a energia elétrica terá bandeira vermelha do patamar 1 em dezembro – com preços inferiores aos atuais. Só essa mudança deve contribuir negativamente com 0,14 ponto no IPCA do último mês do ano. Se a bandeira não tivesse sido alterada, portanto, a inflação do ano ficaria mais próxima do piso de 3%.

Fonte: Paraíba.com.br
Créditos: Época Negócios