Imagine um político que é submetido a um cerco jurídico-policial, que desconhece os mais elementares princípios e valores relativos aos direitos individuais e à equidade jurídica.
Imagine um político que é condenado sem provas, fato reconhecido explicitamente e registrado na sentença pelo próprio julgador, que o fez baseado unicamente em uma “delação premiada” – o nome popularizado desses acordos entre Ministério Público e criminosos – diz muito desses instrumento, que foi largamente utilizado pela Operação Lava Jato. Aliás, sobre isso, eu recomendo a quem não assistiu, que assista o estarrecedor depoimento do ex-advogado da Odebrecht, Tacla Duran, dado à CPI da JBS na semana passada.
Imagine um político que é submetido, sobretudo nos últimos três anos, a uma permanente, obsessiva e massacrante cobertura, travestida de “jornalística”, das maiores e mais poderosas empresas de comunicação do país.
Imagine que esse candidato é desprezado, para não dizer, odiado, pelo grande empresariado nacional e estrangeiro, pelo governo da maior potência militar e – por enquanto – econômica do planeta.
Agora, imagine que no país desse político haverá eleição presidencial no próximo ano e que o mesmo seja candidato. E que em todas as pesquisas ele apareça como favorito, e cresça a cada pesquisa realizada, sem horário na TV, enfim, sem meios que só em período formal de campanha eleitoral oferecem.
Por fim, imagine que a Justiça do país desse candidato, cuja principal característica é a falta de celeridade no julgamento dos processos, sobretudo de recursos, subitamente se torne ágil, e, para tornar o nosso candidato inelegível e impedir sua candidatura, julgue em tempo recorde o recurso da condenação, sobre o qual existem inúmeras dúvidas e provoca amplo debate nos meios jurídicos, inclusive no exterior.
imaginou?
Fonte: Flávio Lúcio
Créditos: Flávio Lúcio