Políticos devem cuidar da aparência

Parlamentares e gestores são pessoas públicas. Tanto no dia a dia do mandato como em época de campanha eleitoral, o trato da imagem é um ponto crucial, segundo especialistas. O traje, a postura e o gestual precisam ser componentes de uma aparência coerente e o mais natural possível.

O publicitário Max Leal, que já coordenou várias campanhas na Paraíba e também em Alagoas, ressaltou alguns pontos importantes com relação à imagem de um político. “O marketing eleitoral não é um manual ou receita de bolo. Mas há algumas regras básicas que devem ser levadas em consideração. A primeira delas é alçar as qualidades que o político possui. E também ofuscar aquelas que não colaboram na sua imagem”, resumiu.

Outra recomendação feita por Max Leal é evitar exageros. “Uma vez fiz uma campanha no interior de Alagoas para um político que abusava de adereços e acessórios de ouro. Isso ressaltava o que era ruim, pois o exagero poderia passar a imagem de arrogância. Pedimos para ele diminuir. Relutou no início, mas terminou tirando a metade”, lembrou.

Também é preciso tomar cuiado para não passar uma imagem irreal. “Não fazemos com que a pessoa mude o seu perfil. Por exemplo, se o público sabe que um político é sisudo e sério, não dá para mudar completamente. Pedimos apenas para ser um pouco simpático e ressaltar a qualidade de um bom gestor, de honestidade, de austero”, afirmou Max Leal.

Para o especialista, atualmente os rótulos de políticos de direita e de esquerda estão mais misturados e por isso não há um estereótipo para trabalhar uma das duas imagens especificamente. “Mas, ao mesmo tempo, causaria estranheza se um cara mais popular aparecer de gravata e terno em um comício. Nesse caso, sugerimos um figurino mais leve”, exemplificou. “O que não se deve, com relação a roupas e acessórios, é construir uma imagem falsa, ou tentar fazer com que o parlamentar ou gestor passe por alguém que ele realmente não é”, completou.

Com relação aos candidatos que participam do horário eleitoral na época das campanhas, Max Leal alertou para alguns cuidados. “Fazer algumas orientações na hora do candidato ir para a TV é normal, como maquiagem para tirar as rugas e fazer a barba. No caso da mulher, ajeitar o cabelo e retocar a maquiagem dentro de um limite que seja natural, se não corre o risco de não ser identificada”, observou.

Um outro exemplo citado por Max Leal é com relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Veja Lula em 1989 e Lula presidente, em 2002”, comparou. “Ele não tirou sua barba, nem o cabelo. Só melhorou”, enfatizou. Ciente dessas recomendações de marketing existentes atrás de muitos homens públicos, o cientista político e professor da UFPB, Jaldes Menezes, alerta o eleitor. “Deve-se sempre desconfiar da imagem. Se um eleitor tem experiência fragmentada, ou seja, tem pouca capacidade crítica, a imagem pode aprisionar”, justificou.