O pedido de apoio do novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, em grupos de WhatsApp surtiu efeito. Depois de O GLOBO revelar que ele enviou uma mensagem para colegas do Sindicato dos Delegados Federais no Distrito Federal e que não tinha a mesma abertura com na Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), o presidente da entidade, Carlos Eduardo Sobral, telefonou para Segóvia e o convidou para participar de um grupo no Telegram. O chamado foi prontamente aceito pelo novo comandante da corporação.
Segundo delegados ouvidos pelo GLOBO, o relacionamento dos dois não era bom. Após a publicação da reportagem, Sobral tomou o primeiro passo para a reaproximação.
A divulgação do fato, entretanto, causou muitas críticas entre os usuários do grupo do Sindepol. Muitos disseram ser uma traição a simples divulgação da mensagem dele no grupo. “De forma inédita, um DG (diretor-geral) continua participando de forma democrática dentro de um grupo para ser traído dessa forma”, reclamou um integrante do grupo.
Apesar de Segóvia permanecer no grupo de WhatsApp do Sindpol e entrar no Telegram da ADPF, a matéria jornalística foi usada como desculpa para a saída de Cláudio Gomes das redes. Ele tomará posse como Diretor de Inteligência, como antecipou O GLOBO, na próxima semana.
“Prezados amigos, em razão do ocorrido e para que não haja contratempos, até porque qualquer manifestação distorcida poderá gerar embaraços para a imagem da instituição, sairei desse seleto grupo de comunicação. Espero que compreendam e encaminho um fraternal abraço para todos os amigos”, escreveu Cláudio Gomes antes de deixar o grupo da ADPF. Ele é considerado linha-dura por integrantes da Polícia Federal, e condena vazamento de informações.
Por causa da saída de Gomes, houve muita reclamações. Uma policial escreveu que isso impossibilita um “excelente canal de comunicação” que os associados poderiam ter com a equipe e com o próprio Diretor Geral.
Enquanto isso, Segóvia segue nas redes. Apenas aquela clássica mensagem de “Bom dia” causa frisson. No grupo do Sindepol no WhatsApp, uma policial comemorou:
“Uau!!!! Bom dia do DG (diretor-geral)??? Inovador! Kkkkk”.
Nos bastidores, houve quem reparasse o horário da mensagem: 08 h 45. Como as operações começam muito cedo, é normal os policiais acordarem antes mesmo das seis.
— Segóvia acordando tarde — reparou um crítico.
O novo diretor segue com mensagens matutinas apenas no grupo do Sindepol. Nada de bom dia no Telegram da ADPF.
SEGÓVIA JÁ TOMOU POSSE, MAS A TRANSFERÊNCIA DO CARGO SERÁ NA SEGUNDA
Segóvia não era o preferido pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim. Ele defendia o nome de Rogério Galloro, o ex-número dois da PF. Ele ocupava a diretoria executiva. Após a indicação de Segóvia para o cargo, Galloro foi nomeado para a Secretaria Nacional de Justiça, divisão estratégica do ministério comandado por Jardim.
O peso da indicação política na nomeação política de Segóvia — apadrinhado pelo presidente Michel Temer e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha — causou ruído internamente. Ambos foram alvo da Lava-Jato.
A transmissão de cargo está prevista para às 10h30 dessa segunda-feira.
Fonte: EXTRA
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