Cantora deu entrevista reveladora à coluna e falou sobre carreira, vida pessoal e até da primeira vez
Marília Mendonça é representante-mór da sofrência sertaneja. Autora de inúmeros sucessos que narram os dissabores de relacionamentos fracassados, a cantora e compositora é a entrevistada deste domingo da coluna. No bate-papo a seguir, ela fala que já foi ficou com homens comprometidos: “Fui amante mais nova, com uns 17 anos, mas amante de namoro. Não com homem casado”, explicou. Marília também traiu namorados e fez música inspirada em pessoas da família: “A canção ‘Ele não vai mudar’, cantada por João Neto e Frederico, fiz para minha mãe, quando ela estava com um namorado. ‘Infiel’, por exemplo, é da minha tia”.
‘Não teve Amor’, sucesso de Joelma, foi você quem fez. A que você atribui esse sucesso?
As pessoas associaram a letra ao momento em que ela estava vivendo por causa do trecho: “Tem coisas que a gente não perde, a gente se livra”. E essa é uma grande verdade.
Mas você compôs pra Joelma?
(risos) Não. Na verdade, não. Eu já tinha feito essa música há um tempo e aí eu encontrei com ela numa festa na casa do (ex-empresário de Joelma) Pedro Motta e falei que queria mandar umas músicas pra ela porque Joelma é rainha. Ela é dona de uma geração todinha que conquistou no peito e na raça. Joelma é muito rainha.
Você começou muito nova a compor. De onde vem o seu dom de escrever?
Tenho o dom, mas eu sempre li muito. Devorava as bibliotecas no colégio quando eu tinha uns 11, 12 anos. Cheguei a ganhar prêmio na escola por ser a aluna que mais leu livros em um ano. E tinha um caderno que ficava escrevendo versinhos, como toda adolescente. Foi onde surgiu essa coisa de composição.
E a sofrência? É sua?
Muita coisa na minha musicalidade é minha. Muitas histórias são minhas, mas também há histórias de outras pessoas. Se eu fosse contar a história e colocar o nome das pessoas ia ficar complicado… Às vezes nem me contam. Eu vivencio muita coisa. Já fiz uma música pra minha mãe, que foi a ‘Ele não vai mudar’, cantada por João Neto e Frederico. Fiz quando ela estava com um namorado e eu estava muito chateada. ‘Infiel’, por exemplo, é da minha tia.
Quando foi que você percebeu que sua música tocava as pessoas?
Ah, acho que foi quando eu comecei a receber as pessoas no meu camarim e às vezes chegava uma mulher chorando, dizendo que a música ‘Infiel’ ajudou ela a terminar com um namorado que a traía. Quando eu fiz ‘Infiel’, eu mostrei a minha tia e disse pra ela: “eu queria que você fizesse isso aqui”. E ela não fez. Ela não terminou. Acho que está terminando agora.
Você perdoa traição?
Não. Não tem sentido perdoar. Eu vejo histórias de pessoas que dizem que perdoam, mas fica uma desconfiança para o resto da vida. Você vai querer ficar sabendo com quem a pessoa está conversando, se o telefone toca quer saber quem é do outro lado da linha…
Graças a sua carreira, você ganhou muito dinheiro. Tem tempo para usar?
Ah, a gente vai fazendo umas coisinhas em casa… Dei a casa para a minha mãe… A gente morou de aluguel a vida inteira.
Como foi a sua infância?
Foi complicada. Com 14 anos eu perdi o meu pai, mas ele já não morava com a minha mãe. Meu padrasto também traiu a minha mãe e a gente ficou sozinho: só eu, meu irmão e minha mãe. A gente nunca passou fome porque Deus sempre esteve do nosso lado. Mas ela foi uma guerreira. Meu primeiro dinheiro eu comprei um carro pra ela. O segundo foi uma casa… É muito bom chegar em casa e ver ela correndo de um lado para o outro. Hoje eu cheguei e ela estava toda feliz porque estava fazendo uma reforma… Feliz porque vai levar a banda de pagode que ela gosta para tocar…
Você sofreu preconceito no início da carreira por não se enquadrar aos padrões de uma cantora?
Sim, É verdade. Mas é normal. Acho que tudo o que é diferente…
Mas você é diferente?
Sou! Não me sinto uma artista. Acho essa coisa de ser tão a pessoa Marília Mendonça causa estranheza nas pessoas. Mas se eu gosto de ser a Marília Mendonça por que é que eu vou mudar? Tô aqui até hoje do mesmo jeito que eu comecei.
Você já ouviu que deveria usar salto alto ou emagrecer?
Já ouvi. Inclusive do meu próprio empresário. Hoje ele se arrepende disso. Acho que, quando você não quer fazer uma coisa, você tem que provar para as pessoas que o que você acredita é verdade. Eu queria cantar um estilo musical. Quem tinha de sertanejo feminino? Paula Fernandes. Ela cantava um sertanejo mais romântico, que no final dá tudo certo. Eu tenho um pouco de inveja da Paula Fernandes porque os relacionamentos dela devem ter dado tudo certo. As músicas são lindas. Eu não sentia que eu vivia aquilo. Então falei com o empresário que eu tinha uma coisa diferente pra mostrar. E ele acreditou em mim. De repente veio esse esquema de ‘vamos ver um nutrólogo’. Ele esteve no meu primeiro show de salto alto e disse que aquilo não combinava comigo. Eu sou uma menina, uma moleca que tem que ter cara de moleca.
Como foi sua primeira vez?
Foi ruim. Eu tinha descoberto que meu namorado estava me traindo. Aí eu estava com raiva e tive a minha primeira vez. Depois que eu transei com ele eu terminei.
E virou música?
Pior é que não porque eu fiquei com tanto ódio dele… Foi minha segunda traição. Quer dizer, a primeira foi com 12 anos de idade então nem fazia essas coisas ainda. Só namorava de mãozinha dada na frente da minha mãe. Acho até que foi por isso que ele me traiu (risos).
Você já traiu?
Já.
Se arrepende ou foi vingança?
Acho que não porque todas as vezes que eu traí foram namoros adolescentes e eu descobri depois que eles também me traíam. Então é até mais legal porque você descobre e fala: “ah, tá de boa”. E fica caladinha. Porque mulher é assim.
Mas tem mulher barraqueira!
Mas se traiu também, ela fica caladinha porque chifre trocado não dói.
A fama lhe fez uma pessoa, aos poucos, diferente. Você era muito inocente no início. Foi uma prova da sua inocência.
É por isso que eu te falo que não me sinto uma artista. Eu estava cercada de amigos, me divertindo, de boa… Eu às vezes ainda acredito que há bondade no ser humano… (risos)
Mas agora que aconteceu você está mais ligada?
Ah, claro! Agora que aconteceu eu saio escondida! (risos) Agora eu faço dentro do hotel. E se tiver câmera dentro do hotel eu já fico pensando que o Leo Dias pode ver.
Você desconfia quando uma pessoa se aproxima de você?
Essa coisa de ser artista vai causando uma malícia diferente, mas eu ainda sou muito inocente nessa questão. Eu sempre vou tranquila.
Você faz teste?
Faço. Dou uma segurada nas coisas no começo.
Você já foi amante?
Já fui. Não com aquele relacionamento lá, viu? Aquele lá já tinha largado. Chegaram informações erradas, viu, gente? (A coluna publicou que seu último namorado era casado). Fui amante mais nova, com uns 17 anos, mas amante de namoro. Não com homem casado.
Rola culpa?
Eu não fiz mais porque não acho legal. Você sempre vai ser a segunda opção. E um cara que está com a mulher não vai largar a mulher dele para ficar com você, como eu digo na minha música ‘Amante não tem Lar’. E se ele largar, vai fazer a mesma coisa com você. então não vale a pena. Melhor ficar com quem é solteiro. Tem tanta gente solteira no mundo!
O que você quer para 2018?
A gente está pensando no que a gente vai aprontar com relação ao novo DVD. Estou gravando uma música nova.
Vai cantar no especial de fim de ano do Roberto Carlos na Globo?
Não sei. Me chama, gente?
Com quem você sonha cantar?
Com muita gente! Alcione eu amo! Com o Zezé eu já cantei. Quero gravar com Anitta, Ludmilla, Ivete… Eu gosto de tanta gente! Eu sou eclética! Já gravei com Péricles também.
Fonte: http://leodias.odia.ig.com.br/2017-11-12/chifre-trocado-nao-doi-diz-marilia-mendonca.html
Créditos: leo dias