Carlos Arthur Nuzman deixou a cadeia pública de Benfica, na Zona Norte do Rio, às 16h26m desta sexta-feira, depois de passar 15 dias preso no local. O ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil ganhou habeas corpus na noite de quinta, após decisão favorável da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). No início da tarde desta sexta, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, determinou a expedição do alvará de soltura.
O ex-presidente do COB deixou a cadeia vestindo uma camisa branca e calça, e sem dar declarações à imprensa. Aparentando serenidade e caminhando ao lado de seus advogados, Nuzman sentou no banco da frente de um veículo que o aguardava do lado de fora e se retirou rapidamente do local.
Nuzman irá para sua casa, no Leblon, na Zona Sul do Rio. Uma pessoa com acesso ao ex-presidente do COB disse que ele mostrou alívio com a soltura, e que estava ansioso para ir para casa. Questões burocráticas impediram que Nuzman fosse solto ainda na quinta-feira à noite, quando a Sexta Turma do STJ concedeu habeas corpus por unanimidade. Em sua decisão, os ministros do STJ argumentaram que a prisão de Nuzman era uma “medida desproporcional”, e determinaram sua substituição por outras medidas cautelares.
O juiz Marcelo Bretas despachou no início da tarde desta sexta confirmando a expedição do alvará de soltura. Em seu despacho, Bretas reforçou as medidas restritivas determinadas pelo STJ. Nuzman terá de entregar passaportes, se apresentar periodicamente ao tribunal e não poderá deixar o Rio sem autorização judicial. O dirigente não poderá manter contato com outros réus, tampouco ir às sedes do COB e do Comitê Rio-2016.
No pedido de prisão de Nuzman, no último dia 5, o Ministério Público Federal (MPF) argumentava que o dirigente poderia interferir nas investigações conduzidas pela Operação Unfairplay, sobre fraude na escolha do Rio como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, devido à sua influência no COB e no Comitê Rio-2016. Além disso, o MPF apontou que Nuzman retificou sua declaração de Imposto de Renda, após a Operação Unfairplay ser deflagrada, para incluir 16 barras de ouro depositadas em um cofre na Suíça, e avaliadas em R$ 1,5 milhão. Para os procuradores, o movimento de Nuzman foi uma tentativa de dar aparência de legalidade a um patrimônio que estava oculto.
Na quinta-feira, mesmo dia em que o STJ autorizou a soltura de Nuzman, o juiz Bretas aceitou a denúncia do MPF contra Nuzman pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa — relacionados à compra de votos para a escolha do Rio como sede dos Jogos —, e também de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Além de Nuzman, também tornaram-se réus Leonardo Gryner, ex-diretor de Operações do Comitê Rio-2016; Sérgio Cabral, ex-governador do Rio; Arthur Soares, empresário conhecido como “Rei Arthur”; e os senegaleses Papa e Lamine Diack.
Fonte: O Globo