Comer fora é caro e engorda

Rubens Nóbrega

Logo vi porque o dinheiro não está dando pra chegar ao fim do mês sem entrar no cheque especial. Vi assim que li o resultado de pesquisa Datafolha sobre o quanto custa almoçar fora no Brasil, mal necessário ou dispendiosa comodidade do dia-a-dia de milhões de trabalhadores e semi-aposentados feito o colunista.
A pesquisa, divulgada sexta última (27), foi realizada em parceria com uma empresa chamada Alelo, administradora de cartões-benefício, e mostra que justamente no Nordeste, região com a média de renda mais baixa do país, o preço médio da refeição (R$ 29,35) é o mais alto do país, acima inclusive da média nacional (R$ 27,46).
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Antes de prosseguir, vamos esclarecer duas coisas. Primeiro, os dados foram apurados em 2011 e o preço médio encontrado remete a uma refeição completa (prato principal, sobremesa, bebida e cafezinho). É calculado pela média dos preços dos tipos de refeição mais comuns no mercado (à la carte, comercial ou PF, executivo e a quilo).
Segundo, a Paraíba e sua Capital não foram incluídas (mais uma vez) em uma pesquisa Datafolha. O parâmetro estadual é, portanto, o preço médio do Nordeste, onde almoçar fora custava R$ 25,35 em 2010, em média. Significa que de um ano pra outro houve um aumento da ordem de 15,79% nesse tipo de despesa por aqui, enquanto que o aumento nacional não passou dos 2,54%.
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Se nos serve de consolo, se estamos na média praticando o preço médio da região, estamos bem abaixo de São Luiz, onde almoçar fora é mais caro do que em qualquer outro lugar do país. Na capital maranhense, na média a refeição completa chegou a R$ 36,21 ano passado, desbancando o Rio de Janeiro, que caiu para o terceiro lugar nesse ranking com os seus R$ 32,78 por almoço em 2011. Ainda no Nordeste, saibam que Salvador é a segunda capital mais cara da região com R$ 29,96 de custo médio para almoçar fora de casa. Natal (R$ 29,87 por almoço) vem em seguida. Em quarto lugar, Recife, onde o almoçar ‘na rua’ custa R$ 26,73 na média, pouca coisa superior a Fortaleza, com os seus R$ 26,27 por almoço.
No bolso e na balança
Por conta de almoçar fora todo dia, o que pesa no bolso reflete-se na balança, ou seja, o que me falta na conta bancária sobra bastante na circunferência abdominal. E tenho até uma referência científica, digamos assim, para explicar porque não comer em casa custa caro, sai muito caro, além de engordar.
Segundo a revista Shape, especializada em dietas, “pesquisadores da Universidade de Leeds, na Inglaterra, constataram que mais oferta de comida significa comermos 30% além da conta!”. Isso acontece porque nos restaurantes de comida rápida ou de auto-serviço são tantas as opções gostosas e calóricas, na hora de montar o prato, que o exagero é quase sempre inevitável.


E pra manter a forma?

Nesse caso, vou ter que reproduzir aqui algumas dicas da Shape para quem precisa segurar o peso, embora dependa dos fast-food e self service da vida corrida que nos deixa sem tempo ou condições para almoçar em casa diariamente, hábito que perdi principalmente depois que troquei Bananeiras por João Pessoa.
A revista lista 20 bons truques ou alternativas do comer bem fora sem aumentar colesterol e outras neuras que nutricionistas e endocrinologistas nos arranjam. De todos, o que mais gostei é o que manda dividir o prato em quatro partes iguais e preenchê-lo da seguinte forma: 1/4 é para a salada crua, 1/4 para a refogada, 1/4 para a proteína principal (carne branca e grelhada, de preferência) e 1/4 para o carboidrato (arroz, batata ou massa).
Além disso, nas ‘verduras’, dê prioridade ao pepino e ao tomate; evite beber durante a refeição e fuja dos molhos e alimentos muito temperados; de sobremesa, vá de salada de fruta ou gelatina e coma peixe pelo menos duas vezes por semana.


E, o mais importante…

Mastigue bem, até a comida virar papa na boca, como me recomendou certa vez o Doutor José Cassildo, endocrinologista dos melhores aqui de João Pessoa, repassando ensinamento que deve vir dos orientais, um povo que mastiga pelo menos 30 vezes antes de engolir cada porção ou pedaço que põe na boca.
Essa é outra prática ancorada cientificamente. “Quanto mais você demorar (mastigando), mais tempo o cérebro terá para receber estímulos e enviar a mensagem de saciedade”, atesta a nutricionista especialista em nutrição clínica Roseli Rossi, de São Paulo, em entrevista à revista que consultei, acrescentando outra dica valiosíssima:
– Para se forçar a comer devagar, descanse os talheres enquanto mastiga. Com isso, você não fica condicionado a dar uma nova garfada com a boca ainda cheia. E, aos poucos, vai criando o novo hábito de comer devagar sempre.

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Vou tentar fazer tudo isso, seguir todas essas recomendações, quando almoçar enfim com a família, hoje. No self service de algum shopping da cidade, obviamente.