O presidente Michel Temer (PMDB) tentou, durante sua passagem por Nova York, tranquilizar investidores sobre os escândalos de corrupção noticiados no Brasil.
Em evento promovido pela agência da notícias Reuters, ele salientou que as instituições democráticas estão funcionando, disse não ter objeções às investigações da Lava Jato e ressaltou que a corrupção está sendo enfrentada no Brasil, o que dá, em sua opinião, mais segurança aos investimentos. “Os investidores que forem para lá [ao Brasil] não vão ter preocupações com o fenômeno corruptor”, disse o peemedebista, alvo já de duas denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República.
Segundo o presidente, companhias envolvidas em atos ilícitos se “adaptaram a um determinado sistema e tiveram vários prejuízos em função disso”. Lembrou ainda que ele próprio é alvo de investigações, mas classificou as acusações de “inverdades absolutas” e ressaltou ter confiança no Judiciário.
Temer afirmou que a eventual anistia a acusados de corrupção afetaria a credibilidade institucional conquistada pelo Brasil com as investigações em andamento. “Isso tira a credibilidade institucional, que estou enfatizando tanto aqui. Eu penso que temos que esperar a apuração até o final para termos uma solução definitiva.”
O presidente também minimizou a importância dos nomes das investigações, se é Operação Lava Jato, se não é Operação Lava Jato. Essas coisas têm apenas apelo jornalístico. O que vale é a operação jurídica de como se apuram esses ilícitos”, sustentou. “Eu acho que devem ser apurados e, após apurados até o final, verificar-se-á quem são os que cometeram ilícitos e quem são os que não cometeram ilícito.”
Temer gastou boa parte da entrevista dada ao editor-chefe da Reuters, Steve Adler, elencando as reformas lideradas por seu governo e citando as oportunidades de investimento em infraestrutura colocadas pelo programa de concessões. Como já havia dito em seminário do Financial Times, repetiu que o Brasil está de volta para os negócios, ressaltando que seu governo tem trabalhado para abrir a economia ao capital internacional. Ao citar a queda do risco país, também manifestou confiança na retomada do grau de investimento conferido aos bons pagadores pelas agências de classificação de risco.
Questionado se estaria aberto à ideia de privatização da Petrobras, Temer respondeu que o governo não pensa em conceder a estatal do petróleo ao setor privado, lembrando do simbologia da companhia para os brasileiros e do lema que fundamentou a criação da empresa: “O petróleo é nosso”.
Fonte: Estadão