Que seja feita a vontade do rei

Nilvan Ferreira

Mesmo sabendo que há grande probalidade de a sua tese sofrer uma das maiores derrotas nas urnas, nas eleições deste ano, Ricardo Coutinho não quis conversa, bateu na mesa, usou o autoritarismo que sempre lhe foi peculiar e, do mesmo jeito que fritou Luciano Agra, também definiu quem seria seu substituto na disputa que acontece em outubro. E deu Estelizabel Bezerra, atual secretária de planejamento da prefeitura da capital.

A escolha foi bem ao estilo Ricardo, sem o contraditório, sem questionamentos, sem discordâncias, sem disputa. Cabe aos aliados apenas concordar com a decisão do rei e escolher o primeiro sinal de trânsito para começar a distribuição dos santinhos da nova candidata. Com Ricardo é assim. Ele é claro, cristalino, sem meia palavras. Todos sabem do seu estilo, do seu jeito, da sua marca. As decisões pertencem unicamente a vontade dele e de mais ninguém.

Aqueles que militam no seu grupo político já sabem que a coisa funcionam assim. Ricardo é quem manda. Os que ousam discordar, são tidos como inimigos infiltrados, rebeldes e merecedores das retaliações que o coletivo impõe. E agora a coisa foi bem mais radical. Até Nonato Bandeira, tido como um dos homens fortes do grupo do governador, foi deixado de lado e o seu sonho de ser o candidato a prefeito foi enterrado, pelo menos por enquanto ou enquanto quiser o rei Ricardo.

A candidata é Estelizabel e todos terão que a partir de hoje gritar as mais autênticas palavras de ordem pelas ruas de João Pessoa. Bordões como: “Alô Estela, cade você? Eu vim aqui só pra te ver”, serão cantados em tom de campanha a partir de hoje. Bajular a nova candidata será uma forma de também adoçar a boca do rei de plantão. Muitos dirão, para fazer um afago no ego de Ricardo, que Estelizabel é preparada, que a escolha foi acertada, que a vitória é dada como certa. Mesmo pensando de forma oposta, os “aliados” de Ricardo terão que exercitar o princípio da falsidade e dizer aos quatro cantos que com Estelizabel os outros candidatos serão “fichinhas”.