Mais de 300 pessoas vão ser ouvidas na sequência da primeira etapa da operação ‘Parcela Débito’, que investiga um esquema de desvio de dinheiro no Instituto Municipal de Previdência de João Pessoa (IPM-JP). Segundo o delegado do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, Allan Murilo Terruel, muitas pessoas procuraram a polícia após a divulgação da operação e decidiram ajudar cedendo informações.
“Havia uma expectativa que procurassem a polícia, evitando que novos módulos investigativos pudessem fazer com que essas pessoas fossem alvo da própria operação, que fossem alcançadas por ações de prisões, conduções ou mandados de buscas como aconteceu na primeira fase”, explicou Terruel. Para o delegado, a quantidade de evidências, vestígios e testemunhos indicam que novas fases da operação podem ser deflagradas.
Dos 19 presos na primeira fase da “Parcela Débito” dois foram liberados. Uma grávida teve a prisão preventiva convertida em domiciliar por conta da gestação. Um outro preso, não identificado pela polícia, foi autorizado a responder ao processo em liberdade após efetivar uma colaboração premiada junto às autoridades da operação.
O delegado do GOE orientou que as pessoas que eventualmente estejam ligadas ao esquema de fraude busquem um advogado e procurem a polícia para colaborar. “Temos um conjunto de elementos que não tem por onde fugir. Novos módulos estão sendo preparados, essas pessoas que estão envolvidas, que sabem que estão envolvidas vão ser alcançadas”, comentou.
Operação
A primeira fase da operação foi deflagrada no dia 24 de agosto a partir de uma investigação do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba e do GOE. A investigação desarticulou uma quadrilha suspeita de desviar pelo menos R$ 25 milhões. Na ocasião foram cumpridos 19 mandados de prisão, 22 mandados de busca e apreensão e 16 mandados de condução coercitiva.
Segundo o Controlador Geral do Município, Severino Queiroz, o esquema começou a ser identificado em uma auditoria realizada no segundo semestre de 2016. Em novembro, o órgão avisou ao IPM para que o repasse indevido de recursos fosse bloqueado. Em um primeiro momento, um valor de R$ 300 mil foi bloqueado e uma auditoria no IPM foi aberta, de acordo com Diego Tavares, superintendente do IPM. Três ex-superintendentes do IPM de João Pessoa estão sendo investigados na “Parcela Débito”.
Contribuição da ‘Pão e Circo’
Os primeiros sinais de irregularidades na folha de pagamento do IPM foram detectados durante a Operação Pão e Circo, deflagrada em 2012, quando foram apreendidos contracheques de servidores e de pensionistas, cartões bancários em nome de servidores e documentos que comprovaram a utilização de cheques de aposentados e pensionistas do IPM. Todo o material estava na casa de um dos alvos da Pão e Circo.
Segundo o Ministério Público, na época houve registro de uso dos cheques dos aposentados e pensionistas do IPM para o custeio de despesas pessoais do investigado, inclusive para pagamento das chaves de um apartamento de um dos suspeitos no Bessa, em João Pessoa, sinalizando que as irregularidades eram praticadas há vários anos. Os investigados podem responder pelos crimes de inserção de dados falsos em sistema de informações, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Créditos: G1 PB