Visitas a uma clínica para dependentes de opiáceos em Ohio, a uma escola de Rhode Island, a uma montadora perto de Detroit, um tour em uma reserva indígena em Montana e um jantar com refugiados somalis em Minneapolis.
A agenda que já inclui passagens por mais de 20 Estados desde janeiro poderia ser a de um candidato em campanha pela Casa Branca, mas é, oficialmente, parte do desafio autoimposto pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, neste ano.
A intensa programação e as postagens em sua rede exaltando cada parada deram início a rumores de uma candidatura de Zuckerberg, 33, à Presidência em 2020.
As especulações ganharam corpo com a contratação do estrategista-chefe da campanha de Hillary Clinton, Joel Benenson, para trabalhar na Iniciativa Chan Zuckerberg, fundação social tocada por ele e a mulher, Priscilla Chan.
Também integra a organização, criada em dezembro de 2015, David Plouffe, o guru de Barack Obama na vitoriosa campanha de 2008.
A meta de Zuckerberg para o ano é percorrer 30 dos 50 Estados do país para “escutar” os americanos —nada poderia se parecer mais com uma caravana política.
“A tecnologia e a globalização criaram muitos benefícios, mas para muita gente também tornaram a vida mais desafiadora. Precisamos achar uma forma de mudar o jogo para que funcione para todo mundo”, escreveu Zuckerberg ao justificar a turnê.
Algumas pesquisas para 2020 já incluem seu nome, como uma feita em julho pelo Public Policy Polling, ligado aos democratas, com 836 eleitores e margem de erro de 3,4%. Segundo o levantamento, se a eleição fosse hoje, Zuckerberg empataria com Trump com 40% dos votos.
“Neste momento, não há razão para Zuckerberg não concorrer. Ele é uma importante figura nos negócios e nas mídias sociais, e representa uma voz nova no cenário politico”, diz Julian Zelizer, professor da Universidade Princeton especialista em histórica política americana.
Apesar de não ser filiado a nenhum partido, Zuckerberg ressalta posições como o apoio à comunidade LGBT, aos refugiados e imigrantes e à produção de energia limpa.
Mesmo não sendo crítico constante de Trump, posiciona-se contra medidas como o decreto que vetava temporariamente a entrada de refugiados e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana e a proibição de transgêneros nas Forças Armadas.
“Todos deveriam poder servir seu país, não importa quem sejam”, escreveu em seu perfil na rede. A mensagem teve 652 mil curtidas e 25.500 compartilhamentos.
Fonte: Folha de São Paulo