Fechando a Paraíba

Rubens Nóbrega

Quando Ricardo Coutinho era prefeito de João Pessoa teria fechado, além de hospital e maternidade, PSFs e até escolas ou anexos de escola.

Na continuação do Ricardus II na Prefeitura da Capital, sob a direção de Luciano Agra, unidades básicas de saúde também foram fechadas.

Pelo menos quatro foram interditadas, por falta de condições de funcionamento e como resultado de inspeção do CRM.

Eleito e empossado governador, Sua Majestade manteve fechado o recém inaugurado – e pronto pra funcionar – Hospital de Trauma de Campina.

Já o Trauma da Capital acabou fechando em 29 de maio de 2011, por conta de greve dos médicos.

Os médicos pararam porque o governo fechou a mão e lhes reduziu o valor do plantão, de R$ 1.000 para R$ 640.

Aí começou a morrer gente que batia na porta fechada do Trauma. Deu até no Jornal Nacional. Aí…

Aí o hospital reabriu com médicos importados da Baixada Fluminense, que depois assumiram o HT sob a grife da Cruz Vermelha.
Para contratar a Cruz, o Ricardus I fechou um contrato de R$ 7,3 milhões por mês para gerir um hospital que antes se mantinha com R$ 4,5 milhões.

Ainda em 2011, escolas, postos policiais e fiscais do Estado também foram fechados em razão de greves de um lado e, de outro, de um governo fechado ao diálogo.

Além disso, o governo botou as greves na Justiça e, como sói, conseguiu decisões que forçaram as categorias a fecharem suas greves.
E o pessoal, lógico, voltou ao trabalho. Mas de cara fechada.

O governo também andou fechando ganhos conquistados na Justiça há mais de dez anos por funcionários do velho Ipep de guerra.
Com isso, em razão do corte abrupto na renda de muitas famílias, dizem que alguns prejudicados andaram ‘fechando o paletó’ por conta própria e outros acabaram sendo fechados num paletó de madeira.

Nesse meio tempo, o Estado teria se fechado à instalação de uma montadora da Hyundai – e geração de centenas de emprego – porque o governador teria achado demais a pedida do empresário.

Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o Caoa, que é paraibano, teria pedido terreno grande em Cabedelo, as isenções de sempre e condições para dominar metade das operações, instalações e equipamentos do nosso porto.

Na audiência, o clima teria azedado porque Sua Majestade teria perguntado, com real ironia, o que é que o empresário fabricava mesmo para estar pedindo tanto assim.

– Carrinho de mão, governador, carrinho de mão! – teria dito Caoa, fechando a conversa e abrindo os olhos para Goiás e Pernambuco, onde deverá instalar as novas fábricas da marca coreana.

Agora em 2012, o governo mais fechado que a Paraíba já teve começa fechando escolas e, mais recentemente, até estádios como o Almeidão e o Amigão, que fecham porque não têm condições de abrir.

Afinal, depois de fechar o orçamento e vê-lo aprovado na Assembléia, o governo praticamente fechou a Secretaria de Esportes remanejando-lhe as verbas para outros órgãos.

Com o remanejamento, o governo ameaça fechar também a carreira de muitos atletas que dependiam de uma bolsa até então fornecida pelo Estado.

Bem, do jeito que vai, se não tomar cuidado ele fecha a Paraíba e passa a chave. Ou, no mínimo, fecha o Estado pra balanço.
Para muitos, resta a esperança de que algo muito sério e importante aconteça em 2012 para que esse governo não consiga fechar o ano.
Vê de vacilo?

Definitivamente, não entendo nada de política, embora alguns considerem que este espaço comporte análises políticas. Mas, como disse, não entendo… Sobretudo porque certas coisas não consigo mesmo entender.

Essa do prefeito Veneziano Vital, por exemplo, de deixar em banho-maria por tanto tempo uma escolha de candidatura do PMDB à sua sucessão, escolha essa que até as pedras do Calçadão já sabiam com antecedência.

Na minha ingenuidade, achava que quanto mais uma escolha política é antecipada e consolidada mais força ela tem, inclusive para inibir questionamentos, amuos e eventuais dissensões daqueles que agora se sentem preteridos.

Mas, pelo visto, não é assim que funciona a cabeça dos políticos. O Doutor Vené deve saber o que está fazendo e, como todo político, bastante seguro de que terá sucesso na sua estratégia e no seu plano de eleger uma noviça feito a Doutora Tatiana.

Tão seguro que essa candidatura seria uma aposta só sua, ou seja, nem o irmão senador Vital Filho aconselharia a unção da secretária municipal de Saúde, pois preferiria apoiar a deputada Daniella Ribeiro.

Mas, enfim, o Cabeludo bateu o martelo, fez a travessia do seu Rubicão e, vai ver, também queimou as caravelas. Que é pra não ter perigo de volta, inclusive daqueles que até agora, na expectativa de serem escolhidos, mantiveram-se ao seu lado.