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Ex-campeão de boxe explica foto polêmica em treino com McGregor

Em meio ao duelo mais esperado dos últimos tempos no mundo da luta, um personagem que quase nada tinha a ver com o combate começa a ganhar as cenas.

Em meio ao duelo mais esperado dos últimos tempos no mundo da luta, um personagem que quase nada tinha a ver com o combate começa a ganhar as cenas.

Ex-campeão do mundo no boxe, o norte-americano Paulie Malignaggi foi chamado para ajudar Conor McGregor na preparação para a luta contra Floyd Mayweather. Na semana passada, porém, decidiu abandonar os treinos do irlandês após surgir nas redes sociais uma imagem dele no chão, como se ele tivesse sido derrubado por um soco de McGregor durante o sparring.

Já na semana passada, quando decidiu se retirar, Malignaggi fez questão de dizer que nunca havia sido derrubado por um soco e sim por um empurrão ilegal do irlandês. E já havia dito que a história do confronto entre eles havia sido bem diferente.

Nesta segunda-feira, Malignaggi participou do MMA Hour, um dos mais tradicionais programas de MMA do mundo, e continuou seu relato bem diferente, dizendo ter dado uma ‘surra’ em McGregor em boa parte do treino.

“Eu desembarquei em Las Vegas e eles me disseram ‘você vai lutar 12 rounds de sparring amanhã’. Para as pessoas que não entendem como funciona um training camp, ninguém luta 12 rounds seguidos. Só o cara que vai lutar. E, quando ele faz isso, ele alterna o rival. Fazendo isso, ele sempre tem adversários no seu melhor e passa a ficar desconfortável. Na hora que você está lutando contra o terceiro cara diferente, você já está cansado e o cara está querendo te dar uma surra. Para ficar confortável na luta, é preciso ficar desconfortável no treino.

Me cansei muito e acabamos treinado só durante oito rounds

Acho que ele estava pensando: ‘Paulie sofreu para lutar oito rounds, vamos lutar 12 então’. Cheguei na academia e estavam todos os tipos de manda-chuvas lá. Ele tinha o Lorenzo Fertitta, o Dana White, o agente dele e um bando de pessoas na academia. Geralmente o saprring é muito privado e eu nem pude ter meu treinador no meu corner, tive que deixar meu celular em uma caixa. Mesmo assim, tinha esse bando de pessoas lá. De novo, pensei que ele queria se aproveitar. Sabia que eu não tinha aguentado oito rounds e trouxe todo mundo que podia falar o quão grande ele era. Fiquei irritado, mas sabia que eu estava preparado para aquilo.

Ele aguentou bem os cinco primeiros rounds. Ele estava mais em forma e até deu bons golpes, mas eu comecei a tomar o controle. Meu trabalho era mais consistente. Meu estilo era mais consistente. Meu contra-ataque e meu jab eram mais afiados. Simplesmente havia mais consistência da minha parte.

As pessoas me perguntam se ele havia melhorado. Sim, ele melhorou. Mas o problema é que ainda é algo novo para ele, então a melhora dele ainda é pequena. Eu faço isso durante 20 anos. Então, entre um sparing e outro, minha taxa de melhorias é muito maior porque eu tenho a memória muscular. A reação e o timing começam a voltar e a serem mais rápidos.

 A partir do sexto round, ele se tornou muito ‘acertável’. Tão ‘acertável’ que eu pude colocar mais força nos meus socos e pude dar mais socos. E, claro, os socos no corpo começaram a afetá-lo. No MMA os golpes no corpo não são da mesma forma que são no boxe. No boxe, eles são muito mais debilitantes. Pouco a pouco, você sente que o ar não vem mais e começa a se cansar. E o cansaço é muito complicado porque você não consegue mais ter força nos golpes, não consegue mais dar tantos socos.

Eu ficava falando e provocando o tempo todo porque na primeira vez ele fez questão de fazer isso. ‘Você não pode aguentar. Esses socos no seu corpo parecem bons, não?’. McGregor parou de falar porque ele queria poupar energia. Ele parou de dar socos.

Depois do sétimo round, que foi um dos piores para ele, ele se sentou e falou: ‘7 a 0 para mim’. Eu estava voltando para o meu corner e me lembro de ter gritado de volta: ‘Não sei para qual escola você foi, mas não te ensinaram direito a contar!’ Eu estava tão bem que comecei a gritar com Dana White também. Eu disse: ‘Essa é a bicha que você trouxe para mim? Eu estava em um voo há 24 horas’. Eu sabia que Conor podia me ouvir. E Dana não reagiu, não me disse nada.

O mais engraçado sobre a cena (de Malignaggi caído) é que ela aconteceu em um dos piores momentos dele. Ele me empurrou para o chão para ter um tempo de descanso. No instante que caí, já me levantei e continuei provocando. Eu disse: ‘Cara, você precisa de uma pausa? Você não tem pausas aqui. Tome isso!’. E continuei indo para cima e dando socos no corpo dele.

Depois do sparing, achei que tínhamos tudo resolvido. Tiramos uma foto e todos se cumprimentaram. Nós tínhamos lutado 12 rounds, não interessava quem tinha ido melhor, há muito respeito quando você luta com alguém por 36 minutos. Nos vestiários, ele me disse ‘bom trabalho’ e eu respondi ‘sim, bom trabalho, Conor’.

Eu pedi um favor a ele, para parar de postar fotos. Não sou como um parceiro de treinos normal, as pessoas me conhecem. A imprensa começa a me fazer perguntas que eu não quero ter que responder. Eu tenho que fazer ele parecer bem, eu queria fazer ele parecer bem, mas não podia fazer isso as minhas custas.

E foi nesse momento que eu percebi o quanto ele era uma idiota. Ele deu as costas para mim e começou a rir.”

Fonte: ESPN