Voando muito alto

Rubens Nóbrega

Marciano mandou mensagem por i-meio pedindo que o colunista tente descobrir e passe pra ele o nome e o telefone do cara (ou da empresa) que teria um avião usado para vender a preço de novo (R$ 16 milhões) ao Governo da Paraíba.
“Rubão, nesse esquema de vender um bem usado pelo preço de um novo eu quero entrar também. Tô querendo passar pra frente minha espaçonave seminova, com apenas cinco mil anos-luz de ‘quilometragem’, como vocês falam por aí”, escreveu.
Na sua lógica extraterrena, Marciano chegou à seguinte conclusão: o avião que o Governo do Estado quer comprar é o mesmo que certo alguém tem pra vender, “igual àquela história do terreno do Geisel que o homem trocou pelo da Acadepol”.
Pois é, e ainda dizem que os nossos assuntos políticos são muito provincianos, paroquiais mesmo. Depois da aparição desse Marciano na minha caixa de correspondência, vejo que a política da Terrinha virou assunto interplanetário.
Também… Não é pra menos. Com valor estratosférico, lógico que tal aquisição atrairia atenções extraterrestres. Com as especificações anunciadas em edital, por R$ 16 milhões esse avião seria mesmo coisa do outro mundo. Literalmente.
Tanto que o meu dileto Professor Menezes ficou perplexo com o que chama de indícios veementes de ‘superfaturamento intergaláctico’. Suas impressões ele me passou no final de semana, depois de pesquisar na Internet e constatar o que revela a seguir.

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Caro Rubináceo, acabo de ler em sua coluna que o governo imperial da província está lançando edital para compra de avião executivo turbo hélice, com capacidade mínima de sete lugares, a um custo previsto de 16 milhões de reais.
Espantei-me com a cifra e resolvi reativar alguns dos poucos neurônios que me restam para imaginar alguns elementos ou processar algumas informações ainda disponíveis em meu córtex sobre o assunto.
Caro pupilo, como dizia o Barão de Itararé, em frase mais tarde revivida por Stanislaw Ponte Preta, desconfio que “há mais alguma coisa no ar, além dos aviões de carreira (ou da Panair ou da Varig, como teria falado o saudoso Sérgio Porto)”.
Pelo que sei, aquele preço cobre com folga os valores dos dois modelos novos, zero, de aeronaves com tais características disponíveis no mercado internacional, que são o HawkerBeechcraft King Air 200 e Pilatus PC-12N, que, segundo se informa, custam entre 3 a 6 milhões de dólares (6 a dez milhões de reais).
São fartas as informações sobre essas aeronaves na Internet, embora os seus preços não sejam fáceis de localizar, por motivos óbvios. Há também na web páginas de empresas brasileiras especializadas em comercialização de aviões diversos.
Páginas como as das representantes oficiais dos fabricantes do Pilatus (oceanairtaxiaereo.com.br) e do HawkerBeechcraft (lideraviacao.com.br) que podem dar mais detalhes sobre disponibilidade de aviões novos ou de segunda mão.
Por essas e outras…
Até entre os aliados estão dizendo que no governo que quer fazer a Paraíba ir mais longe tem gente indo longe demais! E voando muito alto.
Violência inusitada
No balanço feito por atentos observadores da cena paraibana, foram 15 homicídios no último final de semana, mas… “Nenhuma surpresa, meu caro”, disse-me ontem um desses resignados com o estágio a que chegamos.
A violência, todo mundo sabe, virou coisa banal na Paraíba. Vez em quando surpreende, contudo, a exemplo do que aconteceu no último sábado (7), quando um jovem foi assassinado a tiros enquanto era atendido pelo Samu.
Segundo noticiaram os melhores portais do ramo, naquele dia, à noite, os paramédicos foram chamados ao Valentina, Capital, para socorrer Ednaldo Paiva, 26 anos, que acabara de levar um tiro nas costas, sem que o ferimento fosse de morte.
A equipe do Samu chegou, avaliou a vítima e foi pegar a maca na ambulância. Nesse curtíssimo intervalo, quem provavelmente começou aproveitou para terminar o ‘serviço’. Ednaldo levou mais três balaços, dessa vez na cabeça.
Na mesma noite, no mesmo bairro, Francisco de Assis Carvalho Neto, 16 anos, foi executado com vários tiros que também lhe acertaram a cabeça. Ele era morador – vejam só! – de uma comunidade do Valentina chamada Cidade Maravilhosa.
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Menos de doze horas depois daqueles dois atentados na Capital, em nosso despoliciado e inseguro interior, mais precisamente no Congo, Cariri, dois homens em uma moto fizeram um arrastão no que havia de comércio aberto na cidade.
A dupla assaltou uma padaria, um mercadinho e fregueses que se encontravam nesses estabelecimentos. Policiais destacados em Sumé foram acionados para tentar localizar e prender os meliantes. Pelo visto, continuam procurando.
O povo quer saber
Afinal, Luciano Agra é ou não o candidato do governador Ricardo Coutinho?

Voando muito alto