Os vesgos não veem como são vistos

Gilvan Freire

O governo de RC começou o segundo ano consolidando o primeiro. Será provavelmente assim até o último ano, que ninguém sabe quando, pois o poder ao povo pertence. Ou seja, a marca dos primeiros doze meses se eternizará até enquanto durar o governo de RC. Somente o governador pode achar que seu governo tem longa duração, porque é vesgo, tem olhos ‘entramelados’ ou zarolhos, e não ver os outros na mesma posição em que é visto. Isso acontece aos que têm ambliopia, um fenômeno da oftalmologia em que um olho ver uma coisa e o outro enxerga diferente, a falta de foco binocular. Contraria a lei da física, para a qual dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo.

Ricardo, nesses 25% do governo, plantou muito vento e colheu tempestades. E, pior ainda, continua plantando novas sementes e reaproveitando as já usadas que não deram boa safra, a não ser para seu espírito arestoso que não sabe lidar com a paz e nem se deixa sensibilizar pela solidariedade humana.

Na medida em que não mostra sinais de mudanças e recrudesce na linha burra inicial, o governo de RC registra uma marca indelével que se projeta para frente, sem remédios à vista – ou para a vista. E o que seria apenas um estrabismo crônico, se transforma numa cegueira insalvável.

Se alguém desejar saber para onde vai o governo de RC, seguindo esses caminhos do primeiro período anual de gestão, terá certeza quase matemática: vai para o desastre. É a mesma certeza provável de que as águas do São Francisco, mesmo com vários barramentos, irão em sua quase totalidade para o mar.

No curso da experiência humana e nos exemplos da história, a gente observa de onde vêm os ventos e para onde eles soprarão. Se houver algum erro de cálculo, é mínimo – e ainda assim será certamente um erro de visão.

AS ESPECULAÇÕES SÃO MAIORES DO QUE OS FATOS
Nessa entrada de ano, olhando para os rastros devastadores deixados pela experiência surpreendente dos tempos iniciais dos girassóis, que giram sós mas não giram bem, o centro das atenções continua em volta da figura controvertida de RC, um ‘animal político’ mais animalizado que politizado, por conta de sua frieza quando é para governar interesses de pessoas, e não de bichos. RC mistura as duas coisas, e em suas mãos bichos se salvarão antes que as pessoas.

Fora de RC mas em redor dele, pelo menos três especulações chamam a atenção e querem expressar significados importantes nesse reinado a que estamos submetidos à força. A primeira vem das análises feitas pelo cientista Flávio Lúcio Vieira, através de seu blog ressurgido, perscrutando sobre o destino político de Cássio, em meio as disputas que se travarão a partir de agora entre RC e Veneziano, o duelo que tem encontro decisivo marcado para 2014, mas que já está aquecido. Segundo Flávio Lúcio, Cássio tende a assumir um papel caudatário, o que pode ser devastador para seu futuro político. É coisa para meditação.

A segunda especulação vem de Walter Santos, habilidoso e privilegiado ator no cenário político, sentado no camarote jornalístico, que pinça Estelizabel como reserva secreta de RC para substituir Luciano Agra na chapa de prefeito das eleições deste ano. É rolo. Pensem nessas coisas como tempero na salada de frutas azedas que chega à mesa dos pessoenses depois do São João. A pamonha vai ficar mole.
Por fim, especula-se sobre o que acontece ao jornalista Helder Moura e seu desligamento do Sistema Correio. Ele é um vulcão ativo que descansa por poucos dias ou horas, mas que vomita cinzas nas alturas só para assustar aos que preferem um diabo com suas lanças às lavas incandescentes e fumegantes dele. Se alguém pensou em comprar seu silêncio, comprou sua erupção. Há de preocupar a muitos. Depois eu conto. Aos pouco.