São três derrotas seguidas do Botafogo-PB na Série C do Campeonato Brasileiro, mas, mesmo com os reveses, o Belo permanece no G-4 do Grupo A. Esta campanha do time na competição nacional, além do título estadual deste ano, fez o técnico Itamar Schülle chamar a atenção de uma equipe da Série B. Em entrevista coletiva na tarde dessa terça-feira, no CT da Maravilha do Contorno, ele revelou que recebeu a proposta, mas não mencionou o nome do clube que o convidou. A recente demissão do técnico Cristian de Souza, do Paraná, é um indício de que seria o Tricolor interessado em Schülle, que, no entanto, já acertou com Lisca.
O técnico do Belo na ocasião recusou a proposta. Ele fica no clube. E, segundo Itamar Schülle mesmo, a permanência se baseia no seu foco total em conseguir o acesso à Série B de 2018.
– Estou hoje aqui e há dois dias tive uma proposta para ir para uma equipe de Série B do Brasileiro. Porque eu não fui? Porque eu acredito no projeto (de subir à Série B), acredito na equipe – afirmou Schülle.
Itamar Schülle nem estava escalado para a entrevista coletiva, mas, diante das circunstâncias dos últimos resultados e da proposta que recebeu, decidiu conversar com a imprensa. Outros pontos também foram abordados em uma entrevista longa: durou cerca de 20 minutos.
O treinador lamentou os maus resultados e espera uma volta por cima em relação às vitórias. Principalmente para permanecer no G-4 e continuar sonhando com o acesso à Série B do próximo ano.
– Tem três derrotas? Está contente, Itamar? Não! Estou lutando, estou trabalhando, estou me dedicando. Acho que com trabalho a gente supera. A gente vai vencer, a gente vai classificar. Essas são minhas palavras – enfatizou.
O Botafogo tem poucos dias de trabalho para ajustar a equipe pensando no próximo jogo. Nesta sexta-feira, o Belo encara o Fortaleza, às 21h, no estádio Almeidão. O confronto será de dois times que estão na zona de classificação para o mata-mata.
– Vamos para este jogo, um jogo díficil. Vamos vencer este jogo. Vamos trabalhar muito para vencer este jogo. Vamos terminar em segundo lugar e vamos em busca da nossa classificação. E os momentos maus já passei vários aqui no Botafogo e vamos superá-los novamente com trabalho e a doação de todos – disse.
Confira outros trechos da entrevista de Schülle:
Últimas derrotas
– Apenas no jogo do ASA, que por causa da lama do campo foi um jogo muito truncado, difícil de jogar, é que talvez a gente não tenha feito uma grande apresentação. Nós jogamos aqui contra o Sampaio Corrêa e tivemos umas seis, sete chances claras de gols, pênalti a nosso favor, jogamos muito bem. Fomos jogar contra o Cuiabá lá. Um primeiro tempo equilibrado, segundo tempo também muito bem, perdemos três, quatro situações de gols reais. Tomamos um gol quando já tinha acontecido três faltas antes e, na minha maneira de ver, o pênalti também não houve e fomos prejudicados.
Pressão
– O treinador vive de pressão. Você pode ser campeão, você se sente pressionado, pois alguém quer estar no seu lugar. Se você ganhar um jogo, você está pressionado, já que tem que ganhar o outro. Se você ganhar dois jogos, tem que continuar ganhando e não pode perder. Quando você perde (também) está pressionado.
Críticas da torcida
– Se fosse pela torcida e opinião de torcedores, eu não teria realizado um dos maiores sonhos profissionais meus, que era ser campeão pelo Botafogo. Era um sonho profissional que você não tem ideia como era grande. O amor para ter um título pelo Botafogo… Se fosse pela torcida, eu já tinha caído há muito tempo, quando a gente, aqui no Campeonato Paraibano, vinha ganhando, vinha liderando, mas não vinha jogando mal. Jogaram coisa em mim, jogaram água, jogaram copo, era para ter me mandado embora. Mas, graças a Deus, a diretoria me manteve e eu consegui realizar um sonho profissional muito grande, que foi ser campeão pelo Botafogo. A gente não pode fazer o que o torcedor acha, o que o torcedor quer. O torcedor tem que vir a campo, comprar o ingresso e esperar o jogo acabar.
Michel Alves e o pênalti contra o Cuiabá
– No futebol, um erro não justifica o outro. Por exemplo, no jogo do Fortaleza, a bola era do Michel Alves. Podia ser do Michel Alves, certo? Podia ser. Mas cabecearam dentro da área e quem estava lá marcando? Tinha um jogador nosso determinado a marcar o rapaz que fez o gol. O jogador do Botafogo que era para marcar aquele atleta também não marcou. Só que ninguém falou daquele atleta que era para estar marcando, somente de Michel Alves. Quer dizer, não é um erro de um jogador que determina “perdemos por causa do erro dele”. E o outro que não marcou? No jogo do Remo, a bola era para o Michel Alves, e quem estava marcando o zagueiro que chegou ali e cabeceou? Se alguém estivesse marcando aquele zagueiro… Tinha alguém para marcar aquele zagueiro, cada um sabe a sua função. Se alguém estivesse marcando aquele zagueiro, ele não cabeceava. É um coletivo de erros.
Fonte: Globo Esporte