A partir desta quarta-feira (19), os uruguaios podem comprar, para uso recreativo, até 10 g de maconha por semana e 40 g por mês em farmácias do país. A regra vale para todos os estabelecimentos habilitados pelo Ircca (Instituto de Regulação e Controle de Cannabis), que organiza a produção, a distribuição e o controle da planta no Uruguai. O país já havia regularizado o autocultivo e as associações de usuários e produtores desde agosto de 2014. As informações são do jornal argentino Clarín.
Dezesseis drogarias obtiveram o selo do Ircca e vendem agora a maconha para cidadãos uruguaios maiores de 18 anos, cujas impressões digitais serão previamente registradas para a compra do produto. O governo estipulou algumas regras que os estabelecimentos devem seguir no momento da transação: não é permitido, por exemplo, solicitar dados pessoais aos clientes, apenas suas digitais.
Até o momento, há 4.959 usuários registrados e autorizados para a aquisição da maconha, além de 6.948 autocultivadores e 63 associações.
A maconha em estado natural — não moída ou prensada — será vendida em embalagens de 5 g por 187 pesos uruguaios (aproximadamente 20 reais). O Ircca ainda anunciou que, em breve, oferecerá versões de 10 g do produto. Nas farmácias uruguaias, estarão disponíveis duas variedades da substância, que contará com 2% de THC [tetraidrocanabinol, principal substância psicoactiva encontrada nas plantas do gênero Cannabis]: Alfa I, que atua a nível físico; e Beta I, com efeitos de caráter mais cerebral.
Dúvidas no combate ao narcotráfico
O nível de THC do produto regulamentado pelo governo uruguaio foi alvo de críticas pela Sociedade de Endocanabiologia do Uruguai, que afirma que o teor de 2% não surtirá efeitos psicoativos nos usuários. Desta forma, não se cumpriria a proposta de regulamentar uma maconha que compita com o narcotráfico — já que o consumo recreativo tem, como fim, a obtenção dos efeitos psicoativos da droga.
O debate sobre a legalização da maconha no Uruguai foi trazido pelo ex-presidente José Mujica, um dos principais defensores da regulamentação da droga no país. O objetivo seria, justamente, combater o narcotráfico. Em entrevistas e declarações públicas, Mujica costuma apontar que o comércio ilegal e clandestino de narcóticos é um dos principais responsáveis pelo crescimento da insegurança pública no Uruguai
Fonte: R7