As luzes do Natal

Rubens Nóbrega

Adoraria ganhar uma coisa de Natal, mas tenho receio de pedir.
Primeiro, para não parecer piegas. Segundo, porque temo avaliações extremadas. A depender do leitor, elas podem ir da mais generosa condescendência a mais impiedosa crueldade.
Vou arriscar, assim mesmo.
Bem, quero pedir o seguinte: não apaguem tão cedo, em 2012, as luzinhas que enfeitam beirais, sacadas, fachadas, árvores e até seus muros, árvores e arbustos.
Esse é um pedido que vai com cópia para o prefeito de minha cidade, Doutor Luciano Agra, e todos os prefeitos e prefeitas da Paraíba.
Que os nossos alcaides e alcaidessas mantenham pelo menos até o Carnaval as decorações natalinas de ruas e praças, não importa se acanhadas ou ousadas, se elogiadas ou criticadas.

De onde vem…
É uma besteira o que vou dizer, mas nessa época do ano sempre me bate a sensação de que esse tal espírito natalino vem dessas luzinhas que fazem as noites de dezembro e comecinho de janeiro as mais bonitas do ano.
Quanto mais elas piscam, mais acredito que o espírito do Natal permanece na gente.
Daí por que acho uma pena ver logo depois da Festa de Reis o povo apagando as luzes e recolhendo as gambiarras.
Dentro de casa, então, alguns desmontam as árvores de Natal porque tem até história de atrair azar se deixar passar do tempo.

Tempo a gente faz
Mas que tempo é esse? Quem disse que ele deve ir somente da antevéspera do Natal até a primeira semana do Ano Novo?
Por mim, esse tempo, o tempo do Natal, deveria esticar até a Folia de Rua, com todo mundo mantendo as suas luzes ligadas.
Por mim, ninguém desligava o Natal. Inclusive porque desconfio ser o Natal a fagulha da nossa melhor humanidade que acende e mantém acesa a chama do bem querer aos outros.
Desconfio ainda que as luzes do Natal iluminam de fato a lembrança de que precisamos no mínimo uma vez por ano dar e receber amor, amizade, solidariedade e todos os demais sentimentos bons e propósitos elevados.
Aposto ainda que as luzes do Natal clareiam as nossas possibilidades de encontros e reencontros fraternos, das trocas apaixonadas ou divertidas de telefonemas, i-meios, cartões e presentes.


Amo de paixão o Natal

Deu pra perceber, espero. E confesso que fico meio alterado nos sentidos, percepções e juízos de valor durante o período natalino.
O troço é tão sério que sinto mesmo arrefecer e amainar um pouco a ira interior que brota da velha e boa indignação diante das coisas que acho erradas no mundo.
Esse amolecimento é capaz, inclusive, de amolecer o rigor das exigências que por pretensão ou caldo de galinha sempre procuro impor aos outros que vejo ou tenho em desvio, no mau caminho, perdido no rumo incerto ou de retorno impossível.
Mas, fazer o quê? São os valores que aprendi em casa, com os meus pais, outros ídolos e ícones, guias da formação que a gente apruma no correr da vida.
São valores que moldam conceitos e visões acerca das pessoas e coisas, principalmente as públicas, alvo e objeto principal deste meu ofício.
Entre o bem e o mal
Admito, contudo, que o padrão se verga quando compreendo origem e natureza dos atos e males causados por quem tem o poder de fazer o bem ou o mal.
Embora fique me perguntando a razão de ser do mal já que a gente sabe, como nos ensinou o rei, “que se o bem e o mal existem, você pode escolher”…
Pena, pena mesmo que alguns escolham fazer o mal aos outros porque isso pode lhes fazer bem e favorecer os seus bens. E só fazer o bem quando isso lhes for melhor ainda.

 

Enfim, a todos vocês…
Desejo de todo o coração que o espírito do Natal se mantenha entre nós não apenas hoje. Mas também amanhã, no Réveillon e que vá ao infinito e além.
Se acontecer, vou entrar em 2012 com a mais renovada e firme esperança de que teremos um ano novo com mais saúde, paz e prosperidade, de verdade.
Sobretudo na Paraíba, porque Deus deve estar vendo o tamanho da precisão.