Fiat: como deveria ser

Rubens Nóbrega

Conforme antecipei ontem, o engenheiro agrônomo Newton Coelho Marinho ficou surpreso ao ler semana passada em jornais locais “matéria elogiosa ao governador por ir a Brasília mendigar da Fiat uma cota de empregos para paraibanos fronteiriços a Pernambuco, como se nossa gente fosse estigmatizada por deficiências físicas ou outros preconceitos”.

Em mensagem ao colunista, Doutor Newton disse que ao invés dos elogios fáceis a matéria bem poderia ter sido essa que ele mesmo redigiu e vai reproduzida a seguir.

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Governador viaja a Brasília nesta segunda-feira levando vários pleitos a serem discutidos, dentre eles a instalação em solo paraibano de uma fábrica de VLT (veículos leves sobre trilhos) para o atendimento ao Brasil e demais países do continente, cujos entendimentos já foram iniciados junto a empresários na embaixada da Hungria.

O empreendimento faz parte de um leque de outros que estão previstos para o Complexo Industrial Portuário da Paraíba como a processadora de granitos que tem dimensão regional, a siderúrgica paraibana, a indústria petroquímica e o estaleiro escola que será discutido na manhã seguinte com a participação do reitor da UFPB, o Ministro da Defesa e o Comandante da Marinha.

O estaleiro dará apoio a todos os países do Mercosul, na formação de mão de obra especializada nos níveis básico, técnico e superior. Nos Ministérios do Turismo e Cidades, tratará da duplicação da PB 008 e abastecimento d’água da região Litoral Sul para incremento ao turismo”.

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Sobre a Fiat Newton Coelho teceu ainda as considerações seguintes.

1. A Fiat veio para Goiana porque não cabia mais em Suape. Aliás, em Suape não cabe mais nada. Na área de apoio de 12 mil hectares usada como pretexto para justificar o porto, mais de 50% hoje se encontram irreversivelmente ocupados por cidades e vilas e o restante composto por solos tipo turfa, imprópria para fábricas.

2. A Fiat teria que arcar com mais de US$ 200 milhões extra projeto se ficasse em Suape. Foi transferida para Goiana com a promessa do governo em construir um porto para exportação dos veículos, e, enquanto isso não ocorrer, também se obrigar a pagar o transporte dos carros para Suape.

3. Se a Paraíba tivesse ao menos continuado os estudos para o seu Complexo Industrial Portuário, a Fiat teria vindo contratar aqui os embarques. Suape não é um porto de águas profundas, o que limita bastante suas pretensões internacionais. Daí o temor de Pernambuco em termos aqui um porto de águas profundas.

4. A propósito, circulam na Paraíba conversas segundo as quais o governador, em detrimento do nosso progresso, teria firmado um pacto para não continuar as ações do porto de águas profundas no Estado, em troca do apoio dado à sua candidatura pelo governador de Pernambuco na eleição passada. Isso seria pura traição aos interesses paraibanos. Prefiro não acreditar que ele tenha feito uma coisa dessas.
Todo apoio a Pretinha

Tão veloz quanto um maratonista de primeira, o programa Polêmica Paraíba da Paraíba FM conseguiu há uma semana, em apenas dez minutos de campanha, uma ajuda superior a R$ 3 mil para a nossa Pretinha participar da São Silvestre, a corrida internacional que fecha em São Paulo, dia 31 próximo, o ano esportivo brasileiro.

Além de mostrar força e prestígio, a iniciativa do Polêmica inspirou atitudes semelhantes em outras esferas, inclusive públicas, que costumam dar uma de João sem Braço em ocasiões assim, quando nossos talentos nos esportes e nas artes precisam de ajuda financeira para viajar e brilhar em outras cidades, estados ou países.

Ontem foi a vez de a Prefeitura de Campina Grande entrar nessa corrida, quer dizer, nessa corrente do bem e anunciar, através de sua Secretaria de Esportes, que também vai ajudar Pretinha a participar e fazer bonito na São Silvestre, como ela fez em 2006 ao conquistar o segundo lugar na prova, uma das mais disputadas do mundo.

Agora bem mais tranqüila, já com passagem e hospedagem garantidas (ela precisava de uns R$ 2 mil e 200 e o Polêmica passou dos R$ 3 mil), Pretinha embarca dia 28 no Aeroporto Castro Pinto, em Bayeux, para a sua oitava São Silvestre, que este ano deverá reunir cerca de 30 mil atletas de todos os cantos do Brasil e do planeta.
Todo apoio à alfabetização

A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) está fazendo algo bacana que é exigir dos seus alunos de licenciatura (cursos superiores que habilitam pessoas para o magistério) estágio na alfabetização de jovens e adultos.

O exemplo deveria ser seguido pelas demais instituições de ensino superior sediadas na Paraíba, em particular as universidades públicas (UFPB, UFCG e talvez IFPB). Deveria ser, aliás, obrigação das escolas de terceiro grau fazerem assim.

Afinal, a Pequenina, com seus 21,3% de analfabetos entre pessoas com 15 anos de idade ou mais, ocupa um desonroso segundo lugar no Brasil, perdendo apenas para Alagoas (26,7%), segundo estudo divulgado ontem pelo IBGE.