Começou a reação ao plano de Michel Temer de interferir na Polícia Federal e, consequentemente, esfriar as investigações da Operação Lava Jato. Neste domingo, Temer anunciou que o Torquato Jardim passa a comandar o Ministério da Justiça. O novo ministro é tido como capaz de fazer mudanças na PF. O comentarista da GloboNews, Gerson Camarotti, afirmou que até o diretor-geral da PF, Leandro Daiello pode perder o cargo.
Neste domingo, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) afirmou em nota que viu com “preocupação” a troca no comando do Ministério da Justiça.
De acordo com a ADPF, qualquer mudança no comando do Ministério da Justiça “gera preocupação e incerteza sobre a possibilidade de interferências no trabalho realizado pela Polícia Federal”.
“Os delegados de Policia Federal foram surpreendidos com a notícia da substituição, até mesmo porque desconhecem qualquer proposta de Torquato Jardim para a pasta”, afirma a associação na nota.
“Além da autonomia, também é essencial que seja instituído o mandato para diretor geral da PF, de modo que mudanças de governo ou de governantes não reflitam em interferências políticas, cortes de recursos e de investimentos que prejudiquem as ações da Polícia Federal”, concluem.
Ministro fraco
Osmar Serraglio, que agora vai assumir a pasta da Transparência, era considerado nos bastidores um ministro fraco e sem pulso para interferir na Polícia Federal. Por isso, perdeu a vaga para Torquato Jardim.
Veja abaixo a nota da ADPF:
Nota à imprensa
Delegados Federais veem com preocupação troca de ministro da Justiça
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), vem a público demonstrar preocupação com a notícia da substituição, neste domingo, dia 28, do Ministro Osmar Serraglio pelo Ministro Torquato Jardim para ocupar o cargo de ministro da Justiça.
Os Delegados de Policia Federal foram surpreendidos com a notícia da substituição, até mesmo porque desconhecem qualquer proposta de Torquato Jardim para a pasta. É natural que qualquer mudança no comando do Ministério da Justiça gera preocupação e incerteza sobre a possibilidade de interferências no trabalho realizado pela Polícia Federal.
Para resolver esta situação e evitar dúvidas, é fundamental que seja logo aprovada, no Congresso Nacional, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 412/2009, que garante a autonomia funcional, administrativa e orçamentária à Polícia Federal.
Além da autonomia, também é essencial que seja instituído o mandato para diretor geral da PF, de modo que mudanças de governo ou de governantes não reflitam em interferências políticas, cortes de recursos e de investimentos que prejudiquem as ações da Polícia Federal.
Carlos Eduardo Sobral
Presidente da Associação Nacional dos Delegados de Policia Federal – ADPF
Fonte: Brasil 247