Rubens Nóbrega

Conheci Gutemberg Cardoso quando comecei a visitar Cajazeiras mais amiúde, durante campanha a presidente da Associação Paraibana de Imprensa (API) e no correr do mandato que conquistei e exerci entre 1987 e 89.
Virei fã assim que vi e ouvi o Baixinho comandando o programa Boca Quente na Difusora Rádio Cajazeiras, na época líder inconteste de audiência tanto na cidade como em todo o Alto Sertão paraibano e uma banda do Ceará.
Onze ou doze anos depois, reencontro Gutemberg em João Pessoa, inevitável destino profissional da inquietude, criatividade e dinamismo profissional desse que é, sem dúvida, hoje e desde a década passada, o nosso ‘rei’ do rádio.
Gutemberg veio e com ele trouxe Ruy Dantas e Josival Pereira, dois outros talentos de primeira grandeza que o rádio sertanejo impôs a toda a Paraíba para vê-los brilhar como o imbatível trio de apresentadores do Correio Debate, da 98 FM.
‘Os Meninos do Sertão’ vieram e venceram na Capital, inclusive porque resgataram a liderança que por algum tempo, entre 2000 e 2002, o programa da Correio FM perdeu para o Rádio Verdade da Arapuan FM.
Perda que, suponho, deveu-se na época mais às ausências de Luiz Otávio Amorim no comando do Correio Debate. Ausências motivadas pelos sérios problemas de saúde que terminaram por tirar a vida do carismático radialista e jornalista.
Sem Luiz, o carro-chefe do radiojornalismo do Sistema Correio somente veio a se aprumar quando Gutemberg, Ruy e Josival assumiram a direção e consolidaram uma marca tão forte que se mantém no topo mesmo sem o seu insuperável trio condutor.
Mas essa é constatação que só reafirma a competência de Gutemberg como diretor e comunicador. Tanto que ele é capaz de recriar ou revolucionar uma emissora e em curtíssimo espaço de tempo transformá-la em uma nova campeã de audiência.
A caminho da liderança
Em apenas nove meses, Gutemberg fez da Paraíba FM uma sensação, mania, referência. E, no ritmo que vai, não tenho dúvida de que em pouco aquela que já foi mais conhecida como a 101.7 assumirá a liderança dos mais disputados horários.
Evidente que ninguém faz isso sozinho. Gutemberg chegou aonde chegou e é quem é porque outra qualidade sua é descobrir e revelar jovens profissionais que consegue harmonizar e com eles formar equipes super diligente, brilhantes mesmo.
Essa deve ser, contudo, a melhor parte do ofício de quem tem a felicidade de ter ao seu lado um Nilvan Ferreira na co-apresentação do imperdível Polêmica Paraíba e, coordenando a produção de jornalismo, alguém como Verônica Guerra.
E o que dizer de um time onde também atuam Adriana Costa, Ana Cláudia, Jorge Filho, Kaká Barbosa, Lenilson Guedes, Marcelo José, Maurílio Batista, Michele Marques, Michelle Souza, Milton Figueiredo, Sales Fernandes?…
Posso garantir que todos esses colegas são ‘completos de tudo’ ou ‘primeira de luxo’, como diria meu irmão caçula Roosevelt Buscapé quando quer definir ou descrever pessoas que tem na conta de preparadas e com excelente caráter.
Graças a esse elenco, viciados em ouvir rádio feito o colunista dispõem desde 15 de março deste ano de uma sintonia diferenciada na maré chapa-branca que inundou praticamente todo o dial de freqüências a soldo da nova (e já envelhecida) ordem.
De Marcelo a Miltinho
A coisa é tão séria que mesmo dormindo tarde da noite acordo cedinho na manhã seguinte só pra ouvir o Paraíba Agora de Marcelo, Lenilson e Michele. E de meio dia fico agoniado quando perco escalada e comentários iniciais do Polêmica.
Boquinha da noite, não tem boquinha. Voltando do trabalho pra casa ou indo pra algum lugar onde escrever a coluna, não aperto uma tecla sequer do computador sem antes ouvir Milton Figueiredo me abrindo os olhos e os caminhos na Hora do Rush.
Como se fosse pouco, Gutemberg tomou gosto de uns tempos pra cá e quase toda sexta-feira faz o Polêmica Paraíba em uma cidade diferente ou em algum bairro da Capital que esteja merecendo atenções e providências do poder público.
Foi assim com o São José na última sexta, quando ele e Nilvan deram vez e voz ao povo daquele que deve ser atualmente o bairro mais estigmatizado de João Pessoa e que no momento vive sob muita tensão e alta ansiedade de seus moradores.
Tudo isso porque a Prefeitura da Capital quer porque quer passar o trator e derrubar as casas lá existentes há decênios, substituindo-as por casinhas de pombo em nome de uma urbanização de viés higienista no pior dos sentidos.
Pois bem, é com esse radiojornalismo engajado, socialmente comprometido com o interesse da maioria, que Gutemberg vem resgatando o que há de melhor na informação e no formar opinião através da mais popular das mídias eletrônicas.
Evidente também que por trás das ousadias e conquistas de Gutemberg Cardoso e seu cast existe a decisão – determinação talvez fique melhor – de um grupo de comunicação que se mostra disposto a ser muito mais respeitado do que temido.
Por essas e muitas outras, sinto-me feliz e bastante gratificado por testemunhar o sucesso de Gutemberg, dos seus companheiros e, sobretudo, por ter a oportunidade de fazer este reconhecimento que é justíssimo, além de necessário e verdadeiro.