ultimato

Permanência de Renan Calheiros em cargo depende de seu comportamento diante dos tramites das reformas

Aliados do presidente Michel Temer afirmam que ele está "indignado" com a postura do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), contra as reformas trabalhista e previdenciária. Nesta sexta-feira, o presidente do partido, Romero Jucá (PMDB-RR), deu um ultimato ao líder. A aliados, Jucá já avaliou que a permanência de Renan no cargo dependerá do seu "comportamento quando as reformas começarem a tramitar" na Casa.

Aliados do presidente Michel Temer afirmam que ele está “indignado” com a postura do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), contra as reformas trabalhista e previdenciária. Nesta sexta-feira, o presidente do partido, Romero Jucá (PMDB-RR), deu um ultimato ao líder. A aliados, Jucá já avaliou que a permanência de Renan no cargo dependerá do seu “comportamento quando as reformas começarem a tramitar” na Casa.

Por meio de nota, Jucá declarou que “qualquer decisão sobre a liderança do partido no Senado cabe à bancada de senadores” e que não conversou sobre o assunto com o presidente Temer.

Renan, por sua vez, disse que “não está sabendo” de nenhum tipo de movimento contra ele, nem leu a nota do presidente da legenda. “Não sei se há movimento, se não há”, respondeu. Ele destacou que a semana foi “muito tranquila” e “agradável.

Ontem, Renan voltou a criticar a reforma trabalhista em discurso no plenário, que começará a tramitar no Senado a partir da próxima semana, após ser aprovada na madrugada de quinta-feira, 27, na Câmara. O líder da bancada defendeu que os senadores tem o dever de mudar o texto. Segundo ele, a proposta chega a “constranger” e “coagir” integrantes da base governista.

“Não acredito que essa reforma saia da Câmara e chegue aqui, ao Senado Federal – reforma de ouvidos moucos -, sem consultar opiniões; reforma que só interessa à banca, ao sistema financeiro, rejeitada em peso e de cabo a rabo pela população; reforma tão malfeita, que chega a constranger e a coagir a base do próprio governo. Por isso ela vai e volta, de recuo em recuo”, disse Renan.

O líder da bancada atua nos bastidores para atrasar a tramitação da reforma e modificar o texto defendido pelo governo. A ideia seria fazer com que a proposta tenha que passar pelo maior número possível de comissões (pelo menos três), antes de seguir para o plenário. Já os governistas querem que o texto passe por apenas um colegiado, em caráter de urgência, podendo ser aprovado em até três semanas no plenário.

Para o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), o presidente do partido não deve interferir em assuntos da bancada. “Não é o presidente em exercício do PMDB que tem que falar sobre liderança da bancada. O presidente em exercício do PMDB está dando uma nota estapafúrdia”, reclamou. Jucá foi eleito vice-presidente do PMDB, mas assumiu o comando da sigla após Temer ser nomeado presidente da República, no ano passado.

Já o senador Airton Sandoval (PMDB-SP) avalia que Jucá deu um recado necessário a Renan. “O líder de uma bancada não pode assumir opiniões pessoais. Entendo que ele, para tomar qualquer decisão, assumir posições a favor ou contra do governo, não pode fazer isso em nome da bancada sem consultá-la. Renan está assumindo opiniões pessoais, atrapalhando o governo, e isso não pode continuar acontecendo”, disse.

O senador Raimundo Lira (PMDB-PB), afirmou que desconhece algum movimento contra Renan na bancada ou interferência por parte de Temer. Ele reconheceu, entretanto, que Renan possui força para influenciar a tramitação da reforma trabalhista. “Acho que passar por três comissões seria um preciosismo e até uma forma de obstrução. Mas, se Renan permanecer com essa determinação, o que vai acabar acontecendo o que ele está querendo”, considerou.

Aliado de Renan, o senador Hélio José (PMDB-DF) afirmou que a bancada está pacificada. Ele lembrou que os peemedebistas representam 33% dos senadores da Casa. “Nosso líder tem apoio de todos nós, não teve nenhum tipo de discussão [contra Renan], nunca houve. Qualquer coisa em relação a isso é falácia”, defendeu.

Fonte: Estadão