A Paraíba humilhada e Ricardo calado!!

Nilvan Ferreira

Quem assiste a este episódio envolvendo a contratação dos servidores da FIAT pernambucana e o consequente boicote anunciado à mão de obra aqui da nossa terra, sente muita falta do poder de mobilização que antes constatávamos, oriundo do antes combativo e hoje governador do estado, Ricardo Vieira Coutinho.

Por mais que os “defensores” do discurso do Palácio da Redenção digam que não existe proibição para contratação da mão de obra da Paraíba, nas obras de construção da montadora da FIAT no estado vizinho, o que se observa no cadastramento que está sendo feito pelo Governo de Pernambuco é um processo de priorização, direcionado a quem reside nas cidades, localizadas no entorno de Goiana, inclusive, adotando o comprovante de residência, no ato de cadastramento, como documento fundamental para conseguir o emprego.

Os próprios documentos publicados pelo Governo do Estado de Pernambuco, anunciando o início do cadastramento, para posterior processo de capacitação e qualificação da mão de obra, demonstra o que está sendo denunciado aqui na Paraíba. Lá, o governo elenca cerca de 13 cidades, definiu data e horário de atendimento aos interessados e exige que se comprove o local onde residem os que desejam a vaga.

Acontece que, apesar da negativa do governo daqui, a Paraíba está sim sendo vítima de um vergonhoso boicote. É algo como se estivéssemos revivendo a construção de um novo Muro de Berlim, capaz de oficializar a divisão de dois povos, separando uma só cultura, instituindo dois mundos: um que mostra um povo beneficiado com altos investimentos e iniciativas de governo; outro direcionado a uma espécie de “primo pobre”, menos importante, sem direitos, jogado à condição de inferioridade.

Diante de tudo, o que faz o governo? Foi o próprio governador que deu a garantia. Segundo ele, a instalação da FIAT, no vizinho estado, deveria ser motivo de comemoração, uma vez que a Paraíba seria beneficiada com a geração de emprego e renda para a nossa terra. Foi Ricardo que disse. Foi ele que garantiu os empregos na FIAT. Ele, Ricardo, não pode ficar chateado quando alguém faz a cobrança para que a promessa seja cumprida e os empregos cheguem.

Ricardo é que deve explicações ao povo. Ele deve dizer porque não consegue reagir quando o assunto é Pernambuco e os interesses da Paraíba. Esta submissão é danosa ao nosso povo. Essa dependência é prejudicial ao nosso projeto de desenvolvimento. Somos estados irmãos, mas isto não nos tira o direito de procurar os caminhos do crescimento. Um projeto nosso. Algo que tenha nossas peculiaridades. Um caminho que não se tenha que pedir permissão aos políticos e as autoridades de Pernambuco.