Cartaxo, Romero, Cássio e Maranhão: 2018 vem aí
Quem aposta na repetição desta cena em 2018? (Foto: Polêmica Paraíba)
Nem bem terminou o carnaval e, portanto, começou o ano político, o bloco oposicionista paraibano saiu de sua costumeira letargia por conta dos movimentos programados de suas principais lideranças.
Primeiro, foi o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD), que deu início a visitas a cidades do interior, causando com isso imenso alvoroço não apenas nas hostes ricardistas, mas também nas cassistas e maranhistas.
A primeira reação partiu do prefeito campinense, Romero Rodrigues, que cuidou logo de cortar as asas de Cartaxo e conclamou os tucanos paraibanos à candidatura própria em 2018.
“Para mim, papel de coadjuvante não é opção”, atalhou o tucano campinense, deixando claro que Cartaxo não terá vida fácil para unir PSDB e PMDB em torno de sua candidatura ao governo.
Saia justa para definir o ocorrido é pouco.
Não se sabe se o que disse Romero tenha sido combinado com Cássio, hipótese na qual eu apostaria todas as minhas fichas se as tivesse. A fortalecer a hipótese a reação pública de Cássio que, como bom ator, reclamou do tom empregado por Romero, que ele interpretou como “carão”.
Estranha carapuça, essa. Cássio, entretanto, não passou disso e o assunto morreu, mas o recado foi dado. Cartaxo entendeu?
No início da semana, foi a vez do PMDB do senador José Maranhão, que aproveitou a onda para finalmente reunir a executiva estadual do partido do qual é dono na Paraíba e passar também o seu recado.
Depois das rusgas que dividem o PMDB desde que o próprio Maranhão foi derrotado, em 2010, o que deixou o partido na condição de noiva mais cobiçada – o troféu dos partidos e dos políticos que um dia foram grandes e hoje atuam na periferia, como forças políticas secundárias, − os peemedebistas passaram a acenar com a possibilidade de lançarem candidatura própria ao governo no próximo ano.
Se é para valer, nós só saberemos nos próximos meses, mas é bom que não se despreze as circunstância de José Maranhão: senador com mais quatro anos de mandato assegurado e vislumbrando, por enquanto, um vazio de lideranças na disputa do governo, em 2018, além da idade que o aproxima inelutavelmente de um fim de carreira.
Além disso, tem a questão nacional, especialmente a aliança PMDB-PSDB cada vez mais consolidada, o que torna os dois partidos irmãos quase siameses quando o assunto é o espólio do governo de Michel Temer, para o bem – se é que existe − e para o mal.
Maranhão e os maranhistas avançam porque Cássio claramente observa o quadro e espera. Sabe que não pode dar mais um passo em falso, como aconteceu em 2014. Caso novamente derrotado em 2018, ficará sem mandato e a caminho da consolidação de uma decadência, já muito visível em sua trajetória. Cássio não pode errar na escolha.
Por isso, é o menos afoito. Pode ir de Cartaxo, pode ir de Maranhão e pode ir dele próprio, bastando, nesse caso, que os ventos de uma vitória certa, como era a de 2014, bafejem seu ego e atiçem as expectativas da legião de apoiadores.
Cartaxo, por seu turno, não deve recuar, pelo menos por enquanto. Estabelecer contatos pelo interior e divulgar seu nome em meio ao eleitorado só traz efeitos benéficos à sua imagem.
Dos três, Cartaxo é o que tem menos a perder no curto prazo e o que tem mais alternativas.
Ele pode ousar e ser candidato, o que certamente só fará depois de uma análise de reais chances, de sua capacidade de unir a oposição em torno de si e do potencial de transferência de votos de Ricardo Coutinho.
Cartaxo carrega consigo a condição de ser, na opinião deste que escreve essas linhas, a única liderança capaz de derrotar Ricardo Coutinho e a simbologia que ele representa na Paraíba de hoje.
Mas, a candidatura de Luciano Cartaxo depende de uma engenharia política de difícil execução, a começar pela decisão de entregar a prefeitura nas mãos de um político como Manoel Jr., enredado em denúncias de corrupção, o que pode atingir sua candidatura, especialmente em João Pessoa.
Além disso, Cartaxo pode resolver concluir seu mandato e tentar eleger seu irmão, Lucélio Cartaxo, ao Senado. Além de ter o recall da última disputa, serão duas vagas em disputa. E nesse caso, as opções de Cartaxo podem se ampliar para além dos partidos de oposição.
Por isso, RC por enquanto só observa. E parece namorar cada vez mais com a ideia de ficar no governo para conduzir sua sucessão.
Se atrair Luciano Cartaxo dará xeque-mate novamente em Cássio e Maranhão.
Flávio Lúcio Vieira
Fonte: polemica
Créditos: flavio lúcio