Governo nota 5

Rubens Nóbrega

Aluno do primário no Grupo Escolar Xavier Júnior, de Bananeiras, fazia tudo para tirar acima de 5, que só servia para ‘passar se arrastando’. O 5 era mesmo nota ruim. Podia até não reprovar na escola, mas em casa era pau na certa. Literalmente.

Além do mais, para evitar castigos que me privavam de rua, peladas e outras brincadeiras, o menino aqui estudava até umas horas para passar por média. Que, se não me trai a memória fraca e falha, exigia nota igual ou superior a 7.

Por conta dessas experiências e referências, fico sem entender a euforia de alguns arautos, porta-vozes oficiais e oficiosos, além dos ridículos puxa-sacos de sempre, diante da pesquisa Consult que deu nota 5 e um quebrado ao Ricardus I.

Aliás, e a propósito, peraí, mas Consult não é aquele?… Bem, deixa pra lá. Não vamos entrar nos méritos passados e presentes de certas pesquisas de opinião, assunto sempre tão delicado quanto controverso na Pequenina. Voltemos ao 5, portanto.

Pois bem, imaginem, então, o carnaval que esse pessoal faria se o despótico obtivesse os 86% de avaliação positiva que o governador Eduardo Campos cravou em pesquisa do Instituto Exatta, divulgada anteontem pela Folha de Pernambuco.

Mas o absoluto também pode alcançar índice tão expressivo quanto aquele do seu colega pernambucano. É só copiar algumas atitudes, posturas e iniciativas que ajudam muito a fazer a boa imagem do governante perante seus governados.

Basta, por exemplo, unir, em vez de perseguir. Dialogar, em vez de confrontar. Debater, em vez de impor. Negociar, em vez de retaliar. Beneficiar, em vez de privilegiar. Fazer-se respeitado, em vez de temido. Dar emprego, em vez de demitir.

Mas, atenção! Não é emprego de cabo eleitoral ou de gafanhoto da folha! O emprego a que me refiro é aquele gerado no ventre do progresso humano e material da maioria do povo, algo que só um governador competente é capaz de fertilizar.

No macro, se quiser pegar carona na fórmula do seu colega pernambucano, que o imperador aplique-se de verdade na atração de investimentos produtivos, a exemplo dos 400 projetos industriais que o vizinho conseguiu atrair em quatro anos.

Se fizer isso, conseguirá uma ‘injeção’ de pelo menos R$ 9 bilhões na economia paraibana, a quase totalidade desse dinheiro oriundo de capital privado que, no caso de Pernambuco, já proporcionou trabalho com carteira assinada para mais de 45 mil.

Se não tiver condições de seguir por esse caminho, que o nosso monarca cuide da saúde, educação e segurança com espírito verdadeiramente republicano, começando por valorizar de verdade – com salário digno – trabalhadores tão essenciais.