Presidente

Ricardo deve ser candidato. Até a presidente da República!

Aliados do governador Ricardo Coutinho, que defendem uma candidatura sua a posto eletivo em 2018, até mesmo à presidência da República, são chamados de “cabotinos” ou “bajuladores”, interessados em adular o gestor de plantão para supostamente extrair algum favor ou sinecura que tenha o sinete oficial.

Aliados do governador Ricardo Coutinho, que defendem uma candidatura sua a posto eletivo em 2018, até mesmo à presidência da República, são chamados de “cabotinos” ou “bajuladores”, interessados em adular o gestor de plantão para supostamente extrair algum favor ou sinecura que tenha o sinete oficial. Juro que tento me esforçar na visão crítica mas não consigo enxergar as coisas por esse ângulo. Acho, sinceramente, que Ricardo tem méritos para disputar mesmo a presidência da República. É um político eloquente, que lê e se aprofunda no conhecimento da realidade não só da pequenina Paraíba, do marginalizado Nordeste mas do sofrido Brasil. Logo, é preparado para qualquer debate sobre temas abrangentes da conjuntura nacional.

Além da má vontade de adversários políticos, contribui para alimentar essa onda de que seria uma piada a provável candidatura do governador Ricardo Coutinho a presidente da República o sentimento de inferioridade cultural e política que é bastante forte entre os nativos do Nordeste. Ou de algumas regiões do Nordeste. Seria o caso de perguntar, a pretexto de nada, em que Ciro Gomes, ex-governador do Ceará, tem mais de estofo intelectual para pleitear a presidência da República como o fez em outra ocasião sem que a Ricardo Coutinho seja assegurado o mesmo direito ou, mais: o mesmo reconhecimento. Não faltará quem diga que Ciro foi ministro da Integração Nacional focado especialmente no Nordeste e, por conta disso, teria feito um pré-vestibular, uma espécie de estágio probatório para poder dissertar com conhecimento mínimo de causa sobre as questões brasileiras em seu conjunto. Ricardo não precisa de ministério para se inteirar das peculiarides que distinguem Estados e regiões.

Haveria um problema chamado “densidade eleitoral” ou “potencial eleitoral” no meio do caminho do governador da Paraíba para ascender à presidência da República. É um assunto que, este sim, demanda apreciações, o que não significa que, de largada, as tais apreciações já sinalizem um impedimento ou uma inviabilidade de postulação do mandato presidencial. O potencial toma como base o grau de massificação do nome do postulante por todo o país, uma vez que a eleição para a cadeira ocupada por Temer terá essa configuração nacional. A dados de hoje, rigorosamente, o governador Ricardo Coutinho não é um nome massificado fora da Paraíba – talez nem mesmo em Estados vizinhos como o Ceará ou Pernambuco. A política, contudo, não é uma ciência exata. Em 89, Fernando Collor de Melo, que tinha origens em oligarquias atrasadas de Alagoas, bateu uma pletora de notáveis da política nacional e se elegeu presidente no segundo turno, disputando com Luiz Inácio Lula da Silva, o fundador do PT e de origem metalúrgica. Ambos eram “as novidades” na primeiura eleição pós-ditadura militar instaurada com a longa noite das trevas em 1964.

Collor deixou comendo poeiro notáveis como o doutor Ulysses Guimarães, o senador Mário Covas, o ex-governador Leonel Brizola. E deixaria qualquer outro que se apresentasse e estivesse vinculado ao passado, ainda que não atrelado à história do autoritarismo embutido no regime militar. A eleição de Collor em 89 foi produto da conjuntura. O que a conjuntura pedia? Um candidato que acenasse com um sopro renovador, diferente de tudo o que havia sido testado e prometido no exercício do poder. Collor parecia ser o homem talhado. Tinha pose de caçador de marajás, fazia marketing de Indiana Jones, prometia matar a inflação com uma só bala. Não houve tempo nem condições para que o eleitorado percebesse que Fernando Collor era uma pantomima, um produto falsificado, vendido ao eleitor como se fosse uma pomada Maravilha. Deu no que deu, incluído o impeachment como coroamento da tragédia que foi o processo de sua eleição, posse e afastamento.

Página virada? Presumivelmente sim. O eleitor, por mimetismo, capricha nas escolhas ou nas rejeições. Utiliza método próprio de aferição, sem precisar de lavagem cerebral, para distinguir o joio do trigo. Um exercício tautológico? Pouco importa a definição sociológica que se queira emprestar ao momento que o país está vivenciando. Ricardo Coutinho não está no ponto para uma corrida presidencial, e qualquer menção a seu nome em rodas políticas ou jornalísticas em Brasília e São Paulo desatará gargalhadas, manifestações de galhofa. Mas, e se ele tiver chance? Não há muito o que teorizar – apenas constatar que se pode ser Ciro, pode ser Ricardo. Ou, então, nenhum deles, mas Lula, como revanche secreta do eleitorado. A conferir! Sem descartar.