O goleiro Bruno foi apresentado nesta terça-feira como novo jogador do Boa Esporte. Em sua primeira coletiva, houve muita confusão entre os repórteres e a diretoria do time de Varginha-MG, que não queria permitir perguntas não relacionadas a futebol. Os jornalistas a fizeram mesmo assim, mas o jogador se recusou a responder.
“Não vou responder essa pergunta”, disse, ao ser questionado se achava que merecia vestir novamente a camisa de um time de futebol após ser condenado em 2013 pelo assassinato de Eliza Samúdio, sua ex-namorada.
“Também não vou responder essa pergunta”, voltou a reclamar, ao ser perguntado se achava que era um bom exemplo para as crianças que vão ao estádio assistir futebol.
Questionado sobre as perdas de patrocinadores e do fornecedor de material esportivo do Boa, que anunciaram o fim de seus contratos após a contratação do atleta, que está fora da prisão devido a uma liminar, Bruno também preferiu não opinar.
“Deixo essa pergunta para que os presidentes respondam. Não tenho muito o que tocar neste assunto. Estou aqui para jogar”, limitou-se a dizer o condenado a 22 anos de prisão.
Em outro momento, como quando uma repórter o perguntou sobre a repercussão negativa de sua contratação entre as mulheres, principalmente no movimento feminista, ele foi interrompido pelo presidente do clube mineiro, Rone Moraes.
“(A pergunta) Não é pertinente, não é pergunta da pauta. Estamos aqui para falar de futebol”, bradou, iniciando uma discussão.
Nas vezes em que se propôs a responder, o arqueiro, que assinou por dois anos com o Boa, reclamou da cobrança que sofre por ter sido condenado à prisão por homicídio.
“Estou muito feliz pela oportunidade dada. As pessoas às vezes cobram muito de uma pessoa pelo que acontece no passado. O Boa está abrindo as portas para mim, é uma oportunidade dada e estou muito feliz de estar aqui”, discursou.
“Estou muito motivado, agradeço a vocês por estarem aqui, é uma oportunidade única. É Deus que está abrindo as portas novamente. Da mesma forma que entrei (no futebol) um dia lá no passado, e também a forma que eu saí, é coisa divina. É Deus que está na frente de tudo e de todos”, completou, garantindo que não sentirá a pressão das críticas.
“Pressão sempre vai existir. Se não estivesse preparado, é melhor levantar e ir embora”.
Bruno ainda disse que não teme voltar a ser preso se a liminar que o mantém em liberdade for derrubada, e também revelou que sonha com uma convocação para a seleção brasileira.
“Quando Deus abre as portas, homem nenhum fecha. É deixar nas mãos de quem está trabalhando nisso. Meu advogado foi o responsável por isso (sua liberdade)”, ressaltou.
“Sonhar (com seleção) nunca é demais. O Bruno vive de sonhos. Um dia sonhei em estar aqui de volta, e estou tendo essa oportunidade. Vou fazer meu melhor dentro do Boa, vou me dedicar. Vou deixar isso acontecer naturalmente”, comentou.
De acordo com o goleiro, ele chega para “somar”, e não para “diminuir”
“O objetivo do clube é subir para a 1ª divisão. Meu objetivo é esse. O homem pode fazer planos, projetos, mas a última palavra vem de Deus. Estou muito tranquilo, motivado e vou deixar as coisas acontecerem naturalmente. Chego para somar e ajudar. Tenho muito mais para somar do que para diminuir. Acredito que vamos fazer um bom trabalho aqui no Boa”, analisou, dizendo também que se prepara há anos para a pressão de voltar a jogar.
“O maior desafio da minha vida já passou”, pontuou.
Créditos: ESPN UOL