O massacre ocorrido na penitenciária de Alcaçuz no dia 14 de janeiro, que deixou pelo menos 26 mortos, expôs falhas no sistema penitenciário, a dor da perda e questionamentos das famílias das vítimas. A Agência Brasil ouviu histórias de quem perdeu filhos, maridos, primos e amigos. Um dos dramas que os parentes enfrentam é enterrar os corpos degolados.
Foi o caso da dona de casa Eliene Pereira, 45 anos, de Santa Cruz, município a cerca de 120 km de Natal. Ela precisou ir à capital potiguar por três dias seguidos para reconhecer Diego Felipe Pereira da Silva, 25 anos, e liberar o corpo no Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep). O jovem foi degolado durante a rebelião e recomendaram que a mãe aguardasse as buscas pela cabeça. Na última sexta-feira (28/01), ela recebeu uma ligação comunicando a mudança.
“Era horrível o corpo do meu filho, fiquei muito comovida. Mas enquanto eu não visse eu não acreditava. Queria ver ele, ver as pernas, os braços. Mesmo que não tivesse a cabeça, mas eu queria ver a realidade”.
Por causa do estado avançado de decomposição, a funerária recomendou a Eliene que não realizasse o velório e enterrasse o corpo o quanto antes, sem despedida, à noite, sem a família e os amigos. Mesmo assim, a mãe levou o filho à sua casa pela última vez. “[O caixão] passou uns 5 minutos aberto. Comecei a endoidecer, puxando ele de dentro do saco. Aí pronto, fecharam e enterraram. É muito difícil enterrar um filho sem a cabeça.”
TRANSFERÊNCIAS
Nesta terça-feira (31/01), os cinco criminosos apontados como chefes da facção que promoveu uma matança de presos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, foram transferidos para o presídio federal de Porto Velho, em Rondônia.
Os presos foram Paulo da Silva Santos, João Francisco do Santos, José Cândido Prado, Paulo Márcio Rodrigues de Araújo e Thiago Souza Soares. Entre o sábado (14/01) e o domingo (15/01), 26 detentos de Alcaçuz morreram na rebelião que durou mais de 14 horas.
Créditos: Agência Brasil