ODEBRECHT

“Não há razão para sigilo”, diz delegado da PF sobre delações

O delegado vê nos depoimentos de ex-integrantes da Odebrecht uma chance de trazer a público “como o Brasil funcionou nas últimas décadas”

Divulgação/ADPF

Para o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, não há razão para o sigilo das delações premiadas de 77 executivos, ex-executivos e funcionários da Odebrecht, homologadas na segunda-feira (30/1) pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia — ela manteve o segredo da maior delação da Operação Lava Jato.

“No caso da delação (da Odebrecht), que os investigados já têm conhecimento da investigação e são fatos um pouco mais antigos, entendemos que não há razão nenhuma para manter o sigilo das delações”, afirmou Sobral. A ADPF é a principal entidade de classe dos delegados da PF.

O delegado vê nas delações dos executivos e ex-funcionários da empreiteira uma oportunidade de trazer a publico “e em detalhes como o Brasil funcionou nas últimas décadas”. Ele considera difícil a interferência política nas investigações. “Com certeza quem é investigado tem a tendência natural de interferir de alguma forma”, disse.

Delações
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, começou na segunda-feira a analisar quais serão os próximos passos da investigação sobre a empreiteira Odebrecht no STF após a homologação das delações de executivos. A partir de agora, ele começará a trabalhar nos pedidos de investigação contra os políticos e empresários que foram citados nos depoimentos de colaboração.

Não há prazo para que eventuais pedidos de investigação ou arquivamento cheguem na Corte.

No início da tarde, Janot foi ao Supremo e se reuniu com a presidente do STF, Cármen Lúcia. O procurador foi receber pessoalmente as decisões da ministra, que homologou as delações dos 77 envolvidos ligados à Odebrecht.

Os pedidos de investigação devem chegar ao Supremo somente após a definição sobre o novo relator da Lava Jato, que deverá ocupar a vaga deixada após a morte do ministro Teori Zavascki, ex-relator dos processos envolvendo a operação na Corte, morto no último dia 19 em acidente aéreo.
Créditos: Metrópoles