Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça no governo de Dilma Rousseff, relatou discussão e rompimento com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, o hoje subprocurador da República falou sobre conversas que teve com Janot por e-mail e WhatsApp. Atualmente, ambos despacham no mesmo prédio.
Ele relatou desentendimento após negar convite para assumir a 6ª Câmara do Ministério Público Federal (MPF). “Não gostaria. Teria de lidar com o novo ministro da Justiça (Alexandre de Moraes), com quem eu não tenho uma relação de confiança”, argumentou Aragão.
No fim do papo, Janot disse a Aragão para botar “a língua no palato”. “Eu não dou a mínima para cargos”, explicou Aragão. O subprocurador ocupou o cargo de ministro da Justiça na gestão Dilma por apenas dois meses, de março a maio. Depois, já de volta à Procuradoria-Geral da República, conversou com Janot sobre qual função iria executar.
Numa última conversa, Aragão contou ao “Estado” que tomou “quarenta minutos de chá de cadeira”. Eles falaram sobre diferenças profissionais e trocaram acusações. “Você vem aqui no meu gabinete para me dizer que eu estou sendo seletivo?”, reclamou Janot. Ao longo do encontro, os dois também trocaram xingamentos.
Amigos por anos, Aragão e Janot costumavam dividir encontros de família e até saídas para beber. Segundo o subprocurador, a divergência começou em uma das repercussões do mensalão, em 2013, quando Janot mandou prender José Genoino. “O Rodrigo já tinha dito ao Genoino, na minha frente, várias vezes, que ele não era culpado”, revelou Aragão.
Os desentendimentos continuaram durante as investigações da Operação Lava Jato, com os frequentes vazamentos de delações premiadas.
Créditos: Metrópoles