“Precisamos Reproclamar a República?”

Vital do Rêgo

A Proclamação da República significou para todos nós, brasileiros, a transição de um período em que saímos de um Império desgastado para a então nova e promissora República. Porém, os anos se passaram e trouxeram consigo uma constatação: a de que a República que vivemos hoje sofre um desgaste de valores éticos e morais.

Este inegável desgaste nos leva a alguns questionamentos. Será que, hoje, o povo brasileiro merecia uma outra proclamação da República, esta em cima de valores éticos, de princípios? Será que a República não estaria precisando ser revista, ou ‘reproclamada’ em todos os segmentos, sociais, políticos, econômicos?

Destas constatações, surge outra: será que não estamos vivendo um desgaste da teia social, que antes era restrito, apenas, aos políticos? É extremamente imperioso constatar que o desgaste de valores, na atualidade, não acomete apenas os políticos, como se pensava há alguns anos. Hoje, ele está presente nos três poderes, lamentavelmente.

É interessante partir do princípio de que, na transformação do Império em República, tivemos o fortalecimento dos três poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Acabava o Poder Moderado e vinha a Força Republicana. Mas numa data como a de hoje nos perguntamos: será que a Coisa Pública não precisa ser revista?

No dia da Proclamação da República, defendo que haja uma repactuação dos poderes republicanos. Neste Brasil do Terceiro Milênio caberia muito bem à sociedade brasileira uma reflexão sobre o tecido social que, atualmente, compõe o país.

Nestes 122 anos de Proclamação da República percebemos que os poderes são, a cada dia, fragilizados. Sobretudo pela contaminação de vícios que acometem o regime Presidencialista e o modelo Capitalista, criando raízes nos três Poderes da República, deprimindo o espírito do maior juiz da democracia: o povo.

Entendo que somente a democracia, pelas mãos reformistas de um povo rico em Educação, salva a República. Que pelo menos em cada um de nós enxerguemos, neste dia, um novo Brasil, para que, só assim, as instituições sejam republicanas, como foi o espírito da proclamação.