O entendimento entre PMDB e PSDB que levou à escolha do deputado Antônio Imbassahy (PSDB) para a Secretária de Governo incomodou os partidos do Centrão, que compõe a base aliada do governo Temer. O líder do PTB, Jovair Arantes (GO) — um dos postulantes à Presidência da Câmara —, não gostou desse movimento do Planalto e disse ao GLOBO que não é hora de o governo Temer “arrumar confusão”. O petebista entende que o governo não deveria interferir na sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ).
— O que eu sei é que foi feito uma sondagem ao Imbassahy, mas não é hora de o governo fazer esse tipo de coisa. O momento é delicado, estamos numa meio de uma disputa na Casa onde os dois grupos que discutem essa questão (sucessão na Câmara) são da base do governo. Seria inconveniente uma ação que poderia parecer ingerência ou ajuda para um dos lados. O que o governo menos precisa é de confusão. Tenho certeza que o presidente Michel Temer é muito equilibrado para fazer uma ação dessa — disse Jovair Arantes, que, apesar de deixar claro que é contrário à noemação de Imbassahy, teceu elogios ao tucano.
— Não que eu tenha qualquer coisa contra o Imbassahy. É um excelente nome, um cara qualificado. Seria um ministro excelente. Tem uma vivência política interessante. Mas não é hora — afirmou o petebista, que é um dos próceres do chamado Centrão.
À tarde, líderes de partidos que integram este grupo, como Jovair e Aelton Freitas (PR-MG), estiveram no Palácio do Planalto reunidos com o presidente Michel Temer para reclamar da indicação de Imbassahy. A leitura do Centrão é que ao tornar o tucano, que era pré-candidato a presidente da Câmara, ministro, o governo demonstra apoio à reeleição de Rodrigo Maia (DEM). Outro integrante do Centrão, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), já lançou sua candidatura à sucessão de Maia, assim como Jovair Arantes.
Publicamente, Rosso adotou um tom de cautela, mas demonstrou incômodo com o fato de Temer não ter anunciado aos deputados a decisão de indicar Imbassahy para o seu Ministério. Questionado sobre a escolha do tucano, o parlamentar tergiversou e disse que é “um dos melhores parlamentares da Câmara”.
— Tenho convicção que o presidente Temer, em caso de confirmar a escolha do líder Imbassay, um dos melhores parlamentares da Câmara, vai informar toda a base da sua decisão e da importância da união da base nesse momento de início de tramitação da reforma de previdência.
Paralelamente à disputa pela Presidência da Câmara, o Centrão tinha a expectativa de indicar o ministro da Secretaria de Governo e chegou a sugerir o nome do petebista Jovair. Para tentar evitar um racha em sua base, o governo busca construir uma solução para acomodar os aliados. Dentre elas, está colocar Rosso ou Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) na liderança do governo na Câmara, no ano que vem, vaga atualmente por André Moura (PSC-SE).
Créditos: O Globo
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