A Prefeitura de Campina Grande realizou nesta quarta-feira, 30, uma entrevista coletiva à imprensa para apresentar as medidas que serão adotadas pela pasta após a divulgação de análises da qualidade da água no município. De acordo com pesquisa encomendadas pela Secretaria Municipal de Saúde, parte das amostras de água coletadas torneiras, poços, carros-pipas, cisternas e mananciais apresentaram compostos tóxicos que seriam impróprios para o consumo humano. Os dados preliminares do estudo foram apresentados durante audiência pública realizada ontem na Assembléia Legislativa, em João pessoa.
Dentre as medidas anunciadas, a secretária de saúde, Luzia Pinto, informou que a Secretaria de Saúde irá procurar os órgãos responsáveis a elaboração de campanhas para esclarecer como a população poderá tratar a água nas residências para consumo humano. A secretária comunicou também que já convocou todos os hospitais que realizam hemodiálise na cidade para monitorar de forma mais contundente os cuidados com a água utilizada no tratamento dos pacientes.
“Tão logo recebermos os documentos de forma oficial dos institutos que realizaram as análises, vamos encaminhar os resultados à CAGEPA, AESA – Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba, ANA – Agência Nacional de Águas, Governo do Paraíba e Ministério Público. Desde já nos colocamos à disposição de todos as instituições para trabalhar em conjunto, garantindo a segurança em saúde dos campinenses”, assegurou a secretária.
Outra medida anunciada pela secretária foi a suspensão da captação de água do poço artesiano do Hospital Municipal Pedro I. O poço da unidade foi um dos pontos de coleta de amostra de água da pesquisa e que também apresentou resultado insatisfatório. “O poço do Pedro I foi perfurado pelo Exército Brasileiro, no entanto a água era utilizada apenas em descargas, para lavar pisos e a rouparia do hospital. Por recomendação dos pesquisadores, vamos suspender o uso da água do poço, até que as pesquisas sejam concluídas”, garantiu.
Pesquisa – As análises da água de Campina Grande e região foram solicitadas pela Secretaria Municipal de Saúde ao Instituto Butantan e à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em setembro deste ano. A necessidade surgiu a partir de uma pesquisa da diretora do Hospital Pedro I, a neurocirurgiã Alba Jean de Medeiros Batista, que também integra a equipe de pesquisas sobre a síndrome congênita do zika vírus. A médica percebeu um padrão muito agressivo de malformações em oito natimortos necropsiados na unidade hospitalar.
“Em seis destas oito necropsias feitas no hospital, não identificamos a presença do zika vírus, que provoca alterações neurológicas como a microcefalia e outras malformações. Foi então que percebi que estes achados poderiam ter relação com o consumo de água contaminada. A partir daí, iniciamos o estudo com a parceria do Ipesq – Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto, a UFRJ e o Butantan”, explicou.
No entanto, a médica esclareceu que as pesquisas são preliminares e que, por isso, não é possível afirmar que exista qualquer relação entre os novos achados de malformações e a qualidade da água. “O Butantan fez testes com peixes e os resultados mostraram que, em contato com a água coletada em Campina Grande e nos mananciais da região, os ovos não se desenvolveram ou com malformações incompatíveis com a vida. A próxima etapa da pesquisa será o estudo com camundongos, concluiu.
Créditos: Resumo PB