A saída do então ministro da Secretaria de Governo desestabilizou a articulação política do presidente Michel Temer, que está no meio de um jogo de xadrez em busca pelo substituto ao cargo. Geddel contava com amplo amparo da base do governo, que nesta semana manifestou publicamente apoio ao ex-ministro. Temer terá de encontrar um nome que não ameace a aprovação de medidas importantes para o governo e que conduza uma base seccionada, em polvorosa pela eleição para a Mesa da Câmara, em fevereiro do ano que vem. A bolsa de apostas leva em conta parlamentares e nomes mais técnicos, que já atuam dentro do Planalto, e a junção da pasta à Casa Civil.
Temer se debruçará ao longo do fim de semana na procura por uma solução definitiva ou interina. O presidente viajou a São Paulo, mas estará em Brasília neste sábado. A preocupação do Planalto se dá principalmente em relação à proposta de reforma da Previdência, que deverá ser enviada no início de dezembro ao Congresso e votada no ano que vem. Na próxima terça-feira, o Senado votará em primeiro turno a PEC que estabelece o teto para gastos públicos atrelado à variação da inflação. O Planalto, no entanto, está seguro quanto à votação e espera ter os 54 votos necessários para aprová-la.
Há ao menos quatro cenários em curso para resolver o imbróglio, que só será definido na semana que vem. Ao longo do dia de ontem, cerca de 10 nomes foram aventados para ocupar o lugar de Geddel. Uma alternativa leva em conta a fusão da Casa Civil com a Secretaria de Governo, que se tornaria uma subsecretaria. Neste caso, Eliseu Padilha cuidaria da política macro — ele já trata, por exemplo, da reforma da Previdência e das conversas com os empresários — e deixaria outro nome para cuidar do varejo.
Para esse cenário, Temer poderia considerar um nome mais “técnico” para a função. Uma das alternativas é Temer colocar um parlamentar na vaga. Na bolsa de apostas aparecem: o atual líder do governo, André Moura (PSC-SE); o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA); o líder do PSD, Rogério Rosso (DF); o líder do PTB, Jovair Arantes (GO); e um nome mais neutro, como o de Darcísio Perondi (PMDB-RS), embora com menor possibilidade.
Fora do circuito do Congresso, estão os assessores especiais da Presidência, Tadeu Filippelli, Sandro Mabel e Rodrigo Rocha Loures. Os nomes ganham força em um cenário de interinidade. O secretário do Programa de Parceria do Investimento (PPI), Wellington Moreira Franco, também foi considerado. Na avaliação de interlocutores, colocar Moreira poderia ser um tiro no pé. Isso porque o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) já foi citado em delações de envolvidos na Lava-Jato. Além de ser um nome já comprometido, ele poderia ser alvo também de especulações de que o governo o colocou apenas para garantir foro privilegiado. Mozart Vianna, que trabalha com Temer no Planalto, poderia ser uma opção de nome técnico, segundo interlocutores.
Fonte: Correio Braziliense