apesar de acusação

Temer mantém Geddel na Secretaria de Governo, diz porta-voz

Presidente afirmou que todas as decisões do Ministério da Cultura são tratadas por 'critérios técnicos'

temer-vampiroA deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ): alvo de processo disciplinar no partido Foto: Divulgação / Leonardo Prado / Câmara dos Deputados Clarissa Garotinho é expulsa do PR por votar contra PEC dos gastos 21/11/2016 18:07
BRASÍLIA – O presidente Michel Temer decidiu pela permanência do ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo. Temer afirmou que todas as decisões relativas ao Ministério da Cultura são tratadas por “critérios técnicos”, incluindo o suposto imbróglio jurídico envolvendo o apartamento de Geddel. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo porta-voz da Presidência., Alexandre Parola.

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Desde a última sexta-feira, quando Marcelo Calero saiu do governo acusando Geddel Vieira Lima de pressioná-lo a liberar uma licença para um empreendimento imobiliário em Salvador, o presidente não havia se pronunciado sobre a questão. Também pela manhã, em reunião do Conselhão, Geddel ausentou-se, e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que divide o quarto andar do Palácio do Planalto com Geddel, esquivou-se de comentar o assunto.

Além de bancar o ministro no cargo, Temer fez questão de defendê-lo, ressaltando que decisões da Cultura são “técnicas” e com “autonomia” – o que Geddel não queria, segundo Calero.

Nesta segunda-feira pela manhã, a maioria dos conselheiros da Comissão de Ética Pública da Presidência votou por abrir processo contra o auxiliar de Temer, mas um pedido de vistas suspendeu o caso. Esse conselheiro é o único indicado pelo governo de Michel Temer. O processo, que pode até recomendar demissão, só voltará a ser discutido no mês que vem, e dificilmente o julgamento será concluído neste ano.

Geddel disse nesta segunda-feira que pedirá ao Conselho de Ética da Presidência que retire o pedido de vista de seu processo e dê agilidade às investigações. Geddel comunicou sua decisão ao líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR).

— Falei com o ministro Geddel e ele fez gestões no sentido de que o pedido de vistas, que atrasaria a decisão da Comissão de Ética, fosse retirado para que pudesse ser julgado rapidamente e não só em dezembro, porque interessa ao ministro Geddel e ao governo que esse assunto seja esclarecido — disse Jucá.

ALIADOS DEFENDEM GEDDEL

Aliados do Palácio do Planalto defenderam nesta segunda-feira o ministro da Secretaria de Governo. O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), disse que Geddel exerce a articulação com “maestria” e que ele já deu as explicações necessárias sobre o caso.

– O ministro Geddel trata muito bem da articulação política. Sou testemunha disso porque convivo diretamente com ele e ele exerce essa função com maestria. Ele já deu explicações, já falou com a imprensa, o caso agora está sob análise da comissão de ética pública, vamos aguardar – afirmou.

Para Aloysio, a situação de Geddel não interfere na pauta do governo, que tem de aprovar no Senado a PEC do teto de gastos, entre outras medidas até 15 de dezembro, quando tem início o recesso parlamentar.

– Não traz prejuízo porque existe hoje uma maioria absolutamente consolidada. Não apenas no Senado, como na sociedade brasileira, porque é preciso conter essa tendência avassaladora de gastos, sob pena de não conseguirmos sair da crise em que estamos mergulhados. A oposição é contra a PEC dos gastos, eles acham que é preciso continuar gastando, aumentando a dívida, o que tem como consequência o desemprego, a paralisia da economia. Isso não vai mudar, haja ou não episódios como este – disse.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente do principal partido aliado ao governo Temer, foi mais evasivo. Disse que não cabe a um parlamentar comentar sobre o assunto, mas que torce para que haja “paz e harmonia” no Congresso para que as medidas de interesse do governo sejam aprovadas.

– Sabemos da necessidade de não se perder um segundo sequer na construção da agenda de reformas que irá nos tirar do abismo no qual o governo do PT nos mergulhou. O que eu torço é para que haja paz, harmonia para que possamos votar as reformas e entregar o Brasil de forma melhor do que recebemos. Esse é um assunto que diz respeito ao Poder Executivo e vamos aguardar os desdobramentos. Não cabe a mim, como parlamentar, até porque conheço muito pouco o que efetivamente ocorreu, opinar sobre o assunto – afirmou.

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que se reuniu com Aécio para tratar das medidas contra a corrupção, também não quis comentar a situação de Geddel.

O PT do Senado pedirá à Procuradoria-Geral da República abertura de inquérito para investigar o ministro.

Fonte: O Globo