"que Deus me perdoe"

Estudante de direito comete suicídio após assédio de professor

10898260_10205018150800683_3361437636672180562_n

O corpo da bacharel em direito Ariane Wojcik, de 25 anos, foi encontrado por equipes do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) nesta quarta-feira (9) em um ponto turístico de Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá.

A jovem desapareceu após fazer post denunciando um professor por assédio durante um estágio (confira na íntegra abaixo). Segundo a Polícia Civil, um inquérito deve ser aberto para investigar a causa da morte.

A suspeita é de que ela chegou no Mirante em um táxi e se jogou logo em seguida. No local, o delegado encontrou a bolsa dela, com documentos pessoais e uma carta de despedida.

De acordo com o delegado Diego Martiminiano, pessoas próximas à jovem devem ser ouvidas nos próximos dias. “O taxista que levou a jovem até o local onde ela foi encontrada deve prestar depoimento. Os pais da jovem também vão ser ouvidos”, afirmou.

Na manhã desta quarta-feira (9), Ariadne publicou no Facebook uma carta afirmando que era assediada por um professor de Direito Tributário da Universidade de Brasília (Unb). Ela estagiava no escritório do docente.

ariadne-suicidio-carta-facebook

“Comecei no estágio novo super empolgada, eu achava aquele professor o máximo, extremamente inteligente, detalhista, perspicaz, minucioso, brilhante. Como poderia ser ruim? Até que as coisas começaram a ficar esquisitas, vários presentes injustificados, mensagens por WhatsApp totalmente fora do contexto do trabalho (P.ex: “sou seu fã”, ou “você é demais”) e fora de hora, muitas, muitas, muitas, perguntas de cunho pessoal. Na época eu desconfiava, mas pensava: acho que não, ele é professor da UnB, me deu 1 ano de aula, é procurador do DF, tem um currículo e uma reputação impecável, é casado, ele não faria isso”, escreveu.

“As coisas ficaram muito estranhas quando ele demonstrava que sabia todos os lugares onde eu ia, sabia o teor das minhas conversas por WhatsApp, com quem eu falava, sabia as páginas que eu acessava no meu computador pessoal”, relatou.

Na mensagem, Ariadne comentou que mesmo pedindo demissão – e conseguindo um emprego no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, em Cuiabá, sua terra natal -, as perseguições teriam continuado.

“Eu achava que aqui, em Cuiabá, no emprego novo, na vida nova, eu estaria a salvo da perseguição dele, mas ele nunca desiste, nunca”, contou.

No fim, ela afirmou que está “exausta” e que não tem mais forças para desvencilhar das “artimanhas” do agressor. Ela deixou transparecer também que sabia de negócios “obscuros” do ex-chefe e pediu para alguém pará-lo.

“Que na próxima reencarnação eu possa fazer uso de todo aprendizado que tudo isso me trouxe, mesmo com tanta dor e sofrimento. Essa vida eu já não posso mais suportar, que Deus me perdoe e me entenda, mas ele já sabia, ele sempre sabe”, finalizou.

Leia a carta na íntegra aqui.

Fonte: Pragmatismo Político