Preconceito

Atriz que "ofendeu nordestinos" lança nota para se defender, mas não esconde preconceito

A atriz diz que vaqueiros poderiam ser beneficiados com o Programa Bolsa Família ao invés de usar vaquejada como atividade econômica.

alexia

A atriz Alexia Dechamps divulgou nota nesta quarta-feira (26) para negar que tenha atacado os nordestinos durante sessão especial para debater a proibição da vaquejada, na Câmara dos Deputados, nesta terça. Se esse era o objetivo, poderia dizer a ela, se assim tivesse a oportunidade, que não conseguiu. Nascida na Argentina e radicada no Brasil desde a infância, Dechamps reproduz o mesmo conceito repugnante de certos sulistas fadados à curta compreensão do Nordeste, certamente por algum tipo de déficit de inteligência. Por mais que não pareça ser este o caso dela, surpreende a criatura defender o Bolsa Família como alternativa econômica para os vaqueiros.

Com passagens recentes pouco relevantes pela televisão, Alexia Dechamps ganhou notoriedade nacional nesta semana por uma frase atribuída a ela durante a sessão, a mesma que agora tenta corrigir reafirmando praticamente tudo. Durante a sessão, ela teria dito, segundo o deputado federal Pedro Vilela (PSDB-AL), olhando para os vaqueiros, “calem a boca que nós já pagamos o Bolsa Família para vocês”. A atriz nega e promete processar o deputado. Em nota, porém, quando vai falar sobre alternativas econômicas para 750 mil vaqueiros que vivem da atividade, mantém o mesmo preconceito fundado no desconhecimento de uma região que busca desde sempre fugir da pobreza.

“No intenso debate que acontecia entre os que defendiam a vaquejada como atividade econômica, geradora de empregos, e os que, como eu, afirmávamos que nenhum trabalho pode se basear em maus tratos a animais indefesos, defendi que o correto seria buscar alternativas econômicas para os vaqueiros que vivem da vaquejada. Se é uma cultura regional, que se mude a cultura, da mesma forma que se deve abandonar a prática das touradas na Espanha. Nada, absolutamente nada, justifica a violência contra animais ou seres humanos”, diz a atriz, que se esqueceu de colocar os rodeios de Barretos, em São Paulo, entre as suas lutas.

Em baixa na carreira, a atriz segue o mesmo caminho de Lobão e Fábio Júnior, se notabilizando mais pelas polêmicas criadas que pela própria produção artística, forçando os mais novos a procurarem através de ferramentas de busca na internet saber de quem se trata. O perfil de Alexia Dechamps, no Twitter, fala que ela está com peça em cartaz. Trata-se de Doroteias, escrita pelo jornalista pernambucano Nelson Rodrigues, um nordestino. A turnê começou pelo Nordeste e a passagem por aqui não serviu para alargar em nada a curta e preconceituosa visão da criatura sobre a região e seus costumes.

 

Leia o comunicado de Alexia Dechamps na íntegra:

“Eu, Alexia Dechamps, repudio a atitude do deputado Pedro Vilela, do PSDB alagoano, de atribuir a mim palavras desrespeitosas contra o povo nordestino durante audiência pública sobre a regulamentação da vaquejada. Mais do que isso, abomino sua postura oportunista de aproveitar-se de um falso embate com uma pessoa pública, atriz profissional, para conseguir mídia fácil e destacar-se diante de seu eleitorado. O parlamentar, além de deturpar minhas palavras, me ofendeu, tentou humilhar e constranger, chegando a dirigir-se ao plenário da Câmara pedir que a Procuradoria da Casa me processe. Não sabe o Sr. Deputado que não me curvo a ameaças, que o tempo de mulheres indefesas e submissas é passado e que antes que siga com sua infâmia eu o estarei chamando a prestar contas de suas palavras perante os tribunais.

No intenso debate que acontecia entre os que defendiam a vaquejada como atividade econômica, geradora de empregos, e os que, como eu, afirmávamos que nenhum trabalho pode se basear em maus tratos a animais indefesos, defendi que o correto seria buscar alternativas econômicas para os vaqueiros que vivem da vaquejada. Se é uma cultura regional, que se mude a cultura, da mesma forma que se deve abandonar a prática das touradas na Espanha. Nada, absolutamente nada, justifica a violência contra animais ou seres humanos.

Disse ainda que no Nordeste, de onde provinha a maior parte dos vaqueiros lá presentes, existem outras atividades como pesca, turismo e lavoura, além do Bolsa Família, que poderia amparar os mais necessitados. Lembrei que a região é que mais tem inscritos no programa do governo federal. Se o auxílio existe, sustentado pelos impostos que eu e todos os brasileiros pagamos, para socorrer pessoas sem renda suficiente, deve ser utilizado para casos extremos como o que discutíamos.

A deturpação dos meus argumentos, como se vê, é vil. Espero que a exposição do caso sirva para desmascarar este tipo de ardil, mostrando aos eleitores do parlamentar quem ele realmente é, em lugar da imagem que gostaria de ver estampada nos jornais. A verdade costuma ser severa com quem manipula fatos e agride semelhantes para conquistar objetivos mesquinhos.

Vim para Brasília para defender a Constituição do meu país, defender a interpretação do Supremo Tribunal Federal contra as vaquejadas e as minhas convicções. É disso que eu vivo. É isso que sou”.

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Fonte: Jornal da Paraíba
Créditos: Suetoni Souto Maior