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Vítima de estupro coletivo se diz constrangida com a forma como o crime foi registrado

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Nos últimos quatro anos, uma vendedora de roupas, de 34 anos, moradora do bairro Lagoinha, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, vem sendo vítima de estupros coletivos. Segundo ela, seus algozes são traficantes da área. Já foram quatro episódios. O último aconteceu na madrugada de segunda-feira, quando foi violentada por um grupo de dez homens, entre eles, dois menores apreendidos em flagrante.

A história é tão chocante quanto a forma como foi relatada no registro de ocorrência: “Só gritou porque eles empurraram um galho de árvore em sua bunda”; “obrigando a pagar boquete triplo”; “não usaram camisinha, no pelo”, entre outras frases impublicáveis, são alguns dos trechos do boletim.

— Me senti envergonhada com a maneira como o registro de ocorrência foi feito. Isso não é certo. A vergonha e o nojo são inexplicáveis — diz a vítima, que não conseguiu esconder o fato das filhas de 12, 13 e 14 anos.

A vítima relata que durante o último episódio, estava bebendo cerveja com um amigo, quando quatro rapazes a obrigaram a entrar no banheiro com eles e praticar sexo oral. Logo em seguida, os criminosos saíram do bar arrastando a vítima pelo braço e a levaram para a Rua Caetano Moura, local muito escuro. Segundo ela, os quatro homens a jogaram num muro e começaram uma longa sessão de abusos e tortura, que foi crescendo à medida em que chegavam mais homens.

O fato só parou com a chegada da PM que conseguiu apreender em flagrante dois menores, que ainda foram com ela na mesma viatura para a DP. Os outros oito criminosos conseguiram fugir.

A vítima disse que não teve coragem de falar dos outros casos e que sente muita vergonha de tudo o que aconteceu. Na madrugada de ontem, ela foi para casa de amigos que moram fora da cidade.

Ontem à tarde, a vendedora foi acompanhada por membros da Comissão de Direitos Humanos da Alerj para fazer exames médicos. Ela também passará por um tratamento psicológico. A comissão também disponibilizará apoio jurídico.

Agente investigado

Em nota, a Polícia Civil, disse que não pode divulgar informações sobre o caso e que diligências estão em andamento. “O delegado titular será comunicado para averiguar a conduta do policial e verificar se houve infração disciplinar”.

Já a Polícia Militar informou que os menores apreendidos se diziam ser do tráfico de drogas do Jardim Miriambi, bairro de São Gonçalo. E que os PMs agiram ao perceberem uma conduta suspeita.

Fonte: EXTRA GLOBO