No Planalto, a reação em certas salas após a notícia na prisão do deputado cassado, Eduardo Cunha, foi de silêncio absoluto. “Tudo ficou nublado”, disse um palaciano.
Após a cassação, o ex parlamentar trabalhava e falava incansavelmente no lançamento de um livro no qual ele pretende narrar os bastidores do impeachment.
Cunha almoçou nesta segunda (17), em SP, com o dono da Matrix, Paulo Tadeu, mas não fechou com a editora a publicação de seu primeiro livro. Terá de negociar da cadeia.
“Eu vou ser preso, eu vou ser preso”, repetia um impaciente Eduardo Cunha, pelo telefone, a integrante do governo ao saber que a PF estava no seu encalço. Parecia pedir ajuda.
Pela manhã, no imóvel que já deveria ter devolvido à Câmara, havia recebido alguns poucos aliados. Como num dia normal, queixou-se de abandono e quis saber como Rodrigo Maia se saía no papel que considerava seu. Informado da ação, disparou ligações. “Estão atrás de mim. Vou acabar pagando esse preço.”
Cunha também perguntou sobre o projeto de repatriação. “Mas de nada adianta, o que é atribuído a mim ou a minha família está bloqueado”, lamentou.
O peemedebista chegou abatido à carceragem da PF em Curitiba. Foi logo trancado. Fará companhia a Antonio Palocci. Apenas uma cela separa os dois presos da Lava Jato.
A polícia se preocupou em não deixá-lo no mesmo pavilhão de Alberto Youssef e Marcelo Odebrecht — além de dificultar troca de informações, quis evitar que ele e o doleiro, seu desafeto, se estranhassem.
Um integrante do Estado Maior da Lava Jato não segurou o riso. “Em uma semana ele estará mandando na custódia da PF. Vai mandar até no Marcelo.”
Créditos: Folha com Polêmica Paraíba