Exército em formação

Rubens Nóbrega

Com a contratação de 15.718 prestadores de serviço em apenas oito meses, o Ricardus I alcança uma marca digna do Guiness Book, o Livro dos Recordes.
Praticando exatamente o que todos os seus antecessores fizeram, em matéria de empreguismo Sua Majestade tem se revelado, contudo, imbatível. Atingiu ritmo tão alucinante que chegou à impressionante média de 65 novas contratações por dia.
Isso é estimadamente duas vezes e meia o tanto de prestadores de serviço contratados pelo Maranhão III, que chegou a 26 contratações por dia durante os seus 670 dias de governo entre 19 de fevereiro de 2009 e 31 de dezembro de 2010.
Vendo por outro ângulo, na escala com que incha a folha de pessoal mês a mês com afilhados seus e de seus aliados dá pra concluir também que o Ricardus I vem praticando exatamente o contrário do que prometeu em campanha.
E o pior: apesar da velocidade e da quantidade de contratações que vem fazendo, o Ricardus I não tem conseguido (talvez até porque não interesse) melhorar uma gota que seja os serviços públicos essenciais devidos pelo Estado à população.
Por essa e outras, diante desses números o contribuinte que registra as ocorrências da Nova Paraíba tem todo o direito de desconfiar que está bancando, mais uma vez, recrutamento e formação de um novo exército de cabos eleitorais.

Será vingança?
Qualificado colaborador da coluna levanta uma lebre diferente, singular mesmo, que explicaria a forma como o governador Ricardo Coutinho trata categorias de servidores fundamentais para o Estado, com destaque para auditores fiscais e médicos.
“Será que temos no cargo de governador um ex-concurseiro frustrado, que fez e não conseguiu aprovação em algum concurso para auditor fiscal e agora, no poder, estaria agindo como quem acha que chegou a hora da vingança?”, pergunta.
Quanto aos supostos confrontos e perseguições aos médicos, o colaborador acredita que tem a ver com o fato de, quando jovem, Sua Majestade ter se submetido ao vestibular para Medicina e, igualmente, não ter logrado aprovação.
“Ou é isso, meu caro Rubens, ou, vai ver, o homem sofreu um trauma muito grande nas mãos de algum médico e hoje se aproveita do poder que tem para se vingar de todos os médicos que prestam algum serviço ao Estado”, especula.

‘Postura insensata’
Já o amigo Bibiu mostra-se impressionado com o que chama de ‘postura insensata’ do Ricardus I e também analisa pressupostos e conseqüências da queda de braço entre o soberano e os auditores fiscais. Acompanhem, após os asteriscos.
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Rubíssimo, esse seu governador não tem jeito mesmo. Ao invés de preocupar-se em incrementar a economia do Estado, arregaçando as mangas em busca de atrair investimentos privados de grande ou médio porte bem como motivando os auditores fiscais da Paraíba a irem mais além na superação de suas metas, impostas pelo próprio Poder Executivo, segue na contramão do senso lógico.
Ocupa-se Sua Excelência em bater de frente contra os fazendários, justo a tropa de choque que mais poderia contribuir para sua gestão, a partir de incrementos maiores na arrecadação, importantíssimos para o abastecimento dos cofres públicos paraibanos, conseqüentemente essenciais para permiti-lo disponibilizar à população paraibana serviços públicos de melhor qualidade, além de salários mais dignos para todas as demais desmotivadas, porém dignas e heróicas, categorias de servidores do Estado.

 

Exemplo do vizinho
Se dependesse de Bibiu, o nosso imperador deveria “calçar por alguns momentos as sandálias da humildade e bater na porta do seu chefe de partido, o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, pedindo-lhe ensinamentos ou mesmo noções sobre administração pública gerencial, aquela orientada para resultados e metas, e de como agir para mudar o rumo de um Estado em prol do seu crescimento e desenvolvimento econômico e social”.
Bibiu lembra ainda que “enquanto o governador do Estado vizinho é acusado de montar estratégias consideradas ilegais para melhorar os ganhos dos auditores fiscais da Fazenda pernambucana, aqui na Paraíba nosso governador descumpre uma Lei para prejudicar e desmotivar a turma que arrecada para o Estado”.
Não basta ser ruim…
Mais do que desmotivar, talvez na ânsia de mostrar o quanto pode fazer mal a quem não se curva às suas vontades ou ao seu ‘projeto’, o monarca manda descontar faltas de grevistas de uma greve que ainda não conseguiu esvaziar na Justiça. E o faz de forma tão cruel que não se importa em penalizar nem mesmo quem não faz greve, a exemplo dos pensionistas e aposentados do Fisco.
É como diz outro amigo do colunista: para o Ricardus I, não basta ser ruim, tem que ser mau. Se não for bastante, mais do que ser mau ele se faz cruel, perverso mesmo.