TESTE

Vacina contra zika mostra eficácia em testes com macacos

Com brasileira entre os pesquisadores, produto pode chegar ao mercado em 2 anos

mosquitoBem distante do Brasil, em Washington, nos Estados Unidos, uma pesquisadora brasileira está integrando a equipe que pode estar perto de encontrar uma vacina contra o vírus zika. É a professora da Coppe-UFRJ Leda Castilho. Desde março, ela faz parte do grupo do National Institute of Health (NIH) que desenvolve o produto. Os primeiros resultados serão publicados nesta quinta-feira na revista científica Science. Os estudos, até agora feitos em macacos, mostraram a eficácia da vacina. Ela protegeu 17 dos 18 macacos que receberam duas doses da vacina, quando estes foram infectados com o vírus zika.

Os resultados animam a pesquisadora, que explica que o estudo está agora em sua primeira fase de testes em humanos, com 55 voluntários já vacinados. Ao total, serão três fases de testes clínicos. Depois, é preciso conseguir as licenças dos órgãos de saúde para que a vacina possa ser comercializada. A estimativa é que o produto chegue ao mercado daqui a cerca de dois anos.

— É uma vacina diferente, porque você injeta só o DNA que codifica a capa proteica do vírus. Então, não injeta o vírus propriamente, nem material genético completo do vírus. Assim, o próprio organismo começa a produzir partículas tridimensionais que mimetizam o zika, mas não são o vírus de verdade. Isto induz a produção de anticorpos, protegendo no caso de infecção com o virus de verdade — explica a pesquisadora.

Segundo Leda, esta é uma forma inovadora de produzir vacinas. No método mais comum, o indivíduo recebe uma versão inativada ou mais branda (atenuada) do vírus.

— O importante é que este estudo vai servir de subsídio para que as pesquisas avancem em outros centros do mundo também. O artigo científico que estamos publicando mostra ainda que tem um limiar mínimo de anticorpos que tem que ser formados para o organismo ser protegido do vírus — explica.

Segundo a pesquisados, a ideia agora é proceder com os ensaios clínicos pra que a vacina seja lançada o quanto antes e possa proteger, por exemplo, as mulheres em idade reprodutiva.

— Como o zika provavelmente vai se tornar uma questão endêmica, é importante que a comunidade internacional consiga o quanto antes ter uma vacina — diz ela.

Fonte: O Globo