O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) foi o centro das atenções no saguão do aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília, na tarde desta quinta-feira. Ele foi tanto hostilizado, quanto tietado. Cunha teve o mandato cassado na última segunda-feira acusado de ter mentido na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava crimes contra a Petrobrás.
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“O dia que o senhor tiver uma arma na cabeça ou tomar um murro por causa de um celular, o senhor vai saber o que é segurança”, gritou uma mulher enquanto ele deixava o saguão. Cunha sorriu e seguiu em frente. O ex-deputado também foi chamado de “golpista”. Por outro lado, uma multidão de curiosos pediu fotos com ele, que parou para atender. Um grupo passou a gritar o nome de Cunha e “Fora, PT”, respondido por um coro de “Fora, Cunha”.
O resultado da votação para a cassação do deputado foi de 450 a 10 pela perca do mandato. Para ele, o resultado foi fruto de uma conjuntura que reuniu a articulação do governo e a proximidade das eleições municipais, além de ter sido alimentado por um desejo de “vingança” nutrido por aliados de Dilma.
“É o conjunto político, do processo de vingança, da conjuntura. E aí eu culpo o governo hoje, não porque o governo tenha feito nada para me cassar, mas quando o governo patrocinou a candidatura do presidente que se elegeu em acordo com o PT, o governo, de uma certa forma, aderiu à agenda da minha cassação”, disse na saída da sessão.
Cunha referia-se à eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao comando da Casa, candidatura que contou com o apoio de aliados de Dilma justamente por ser a mais competitiva em contraposição ao candidato mais identificado com Cunha.
“Eu disse que o governo é culpado quando fez o patrocínio, porque quem elegeu o presidente da Casa foi o governo, quem derrotou o candidato Rogério Rosso (PSD-DF) foi o governo”, afirmou, negando no entanto, que seja de seu feitio fazer ameaças.
A cassação de Cunha marca o fim, ao menos por ora, de sua carreira política, já que com a Lei da Ficha Limpa a perda do mandato o deixa inelegível por oito anos, mas não encerra a controvérsia que cerca o deputado. Cresce agora, no ambiente político, o temor que faça uma delação premiada no âmbito da Lava Jato, podendo envolver integrantes do atual governo.
Créditos: EXTRA