
As explicações iniciais do procurador Deltan Dallognol são exemplo de como a justiça é algo relativo na sua visão. Entre os dados que apresentou, diz que 70% das delações premiadas foram feitas por pessoas em liberdade, que isso desmonta a tese do uso de prisões para obtenção de delações. Imagine o absurdo que o procurador disse. Alguém que acha 30% uma proporção aceitável para questionamentos sobre práticas autoritárias e injustas, entende a justiça como sujeita a conveniências. É como alguém dizer que não existia tortura na ditadura ou na escravidão, porque só 30% dos presos alegaram ser torturados. Melhor ainda foi seu preâmbulo para denunciar Lula como o “Chefe Máximo da Corrupção”. Enquanto alegava agir por critérios técnicos e isentos de ideologia e partidarismo, só ressaltava o que sempre ficou claro, seu trabalho na Lava Jato não é de procurador ou investigador, mas sim de condutor da tese que preestabeleceu desde o início: Lula é o bandido, prendê-lo-ei. Assisti atentamente a apresentação que o procurador e seus colegas fizeram diante de toda imprensa. Fico impressionado como depois de tanto tempo dissecando a vida do Lula, as acusações são feitas num conjunto de peças aleatórias, sem uma só prova material e uma meia dúzia de falas desconexas, feitas por réus confessos, em busca de premiação. No final, o suposto “Chefe Máximo” está sendo acusado de benefícios ilícitos da ordem de R$3,7 milhões, os quais estão divididos entre a reforma de um apartamento triplex, sem prova material da propriedade, que nunca chegou a ser utilizado, e o pagamento de um depósito para guarda de bens pessoais. Será que esses jovens denunciantes não perceberam a desproporção das suas acusações? Na própria operação Lava Jato, já existem condenados que devolveram mais de R$200 milhões. Como pode o “Chefe Máximo” ser acusado de benefício da ordem de R$3,7 milhões, os quais não chegaram a ele um real sequer em espécie. As acusações estão mais para um exercício de retórica e fruto de capacidade de criativa. Me perdoem aqueles que querem acreditar na criminalização do Lula, mesmo sem provas, mas o Brasil não pode ser entregue a irresponsabilidade doentia, a qual vimos hoje.
Fonte: Por Anderson Pires