Após repercussão o juiz da 1ª Zona Eleitoral, José Ferreira Ramos Júnior, responsável pela Propaganda de Mídia de João Pessoa, informou em Nota Oficial da Associação dos Magistrados da Paraíba (AMPB) nesta segunda-feira (12), que não pretende comentar as declarações do secretário de Comunicação do Estado, Luís Tôrres.
Luis Torres usou as Redes Sociais neste domingo (11) para questionar a postura do magistrado nas Eleições 2016. O auxiliar do Governo do Estado avaliou como “inconcebível” que o juiz seja o julgador desse processo uma vez que é marido da deputada Daniella Ribeiro, dirigente do Partido Progressista, e que integra a coligação encabeçada pelo prefeito Luciano Cartaxo, garantindo-lhe, além de outras coisas, tempo de televisão no próprio Guia Eleitoral. Luís Tôrres chegou a sugerir o pedido de suspeição do magistrado.
José Ferreira Júnior afirmou que, “as declarações são sem sentido, me recuso a comentar. Ele atinge não só a mim, mas a magistratura também. Não vou entrar no jogo dele, minha resposta é o silêncio, é o meu trabalho”, ressaltou.
Para Torres, o juiz tem acolhido diversas representações contra a coligação encabeçada pela professora Cida Ramos (PSB), enquanto os pedidos contrários a Luciano Cartaxo têm sido negado.
Confira a íntegra da Nota:
A propósito de postagem veiculada pelo Secretário de Estado da Comunicação em uma rede social e repercutida pela imprensa local, na qual se refere ao Juiz da Propaganda Eleitoral de João Pessoa, a Associação dos Magistrados da Paraíba (AMPB) vem a público fazer as seguintes considerações:
– Decisões judicias devem ser questionadas pelas vias processuais adequadas (recursos) previstas em lei. No caso em questão, percebe-se sob o manto da crítica apenas a intenção de intimidar o magistrado.
– O ato de julgar se faz à luz do fato e da lei que a ele se aplica. Cabe ao juiz, apenas, diante de cada caso concreto, adotar a solução que entende legalmente adequada.
– Por outro lado, soa paradoxal que o senhor secretário enxergue e ressalte haver distinção entre a sua vida pessoal, quando publica a sua opinião, e a vida como agente público ligado a um dos grupos políticos envolvidos na disputa eleitoral, mas sustente uma posição que toma como premissa, no caso do magistrado, a confusão entre essas esferas da vida.
– Muito embora lance dúvidas, até mesmo sobre a competência da assessoria jurídica que representa uma das coligações, que não teria cuidado de agir para ver reconhecida a suspeição do magistrado, talvez escape ao senhor secretário que não se trata de omissão, mas simplesmente de faltarem razões para tanto, já que meras ilações não possuem valor jurídico.
– Por fim, a AMPB enfatiza a vida de retidão do referido juiz, onde se incluem 25 anos dedicados à magistratura. Bem por isso, não cabe ao magistrado vir a público justificar ou defender seus posicionamentos. Cabe apenas a esta Entidade, como representante da magistratura estadual, em momentos como o presente, deixar claro que a categoria não se deixará intimidar.
Associação dos Magistrados da Paraíba espera, também, que prevaleça o respeito ao Poder Judiciário e a seus juízes, com resguardo da justiça, da ordem democrática e da independência da magistratura e, por fim, informa que disponibilizará ao magistrado a assessoria jurídica da Entidade para que sejam tomadas as medidas judiciais necessárias para assegurar o direito à honra e à independência do juiz, consagrados no Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos.
João Pessoa, 12 de setembro de 2016.
Juiz Horácio Ferreira de Melo Júnior
Presidente da AMPB
Créditos: PB Agora