O jornalista Reinaldo Azevedo, blogueiro da Veja, disse que a figura mais patética da sessão desta segunda-feira (29) no Senado não era a presidente Dilma, nem o ex-presidente Lula. Era Chico Buarque. O artigo desrespeita o direito do artista ao engajamento político.
A presença de Chico no Senado faz pensar na figura do artista engajado que ele sempre foi.
Quem acompanha de perto a sua trajetória, sabe muito bem que o tempo todo ele esteve alinhado às lutas da esquerda brasileira. Chico se comporta como um homem de partido (não me refiro ao PT), fiel a escolhas ideológicas e a projetos.
A ida ao Senado, no momento em que a presidente Dilma se defende das acusações que lhe são feitas, é expressão legítima do seu engajamento. Não traz nenhuma surpresa. E merece todo o respeito.
Chico Buarque no Senado me faz pensar não só no quanto é legítimo o engajamento dos artistas. Mas também no quanto essa postura não deve interferir no julgamento que se faz da sua arte.
Chico é um dos grandes compositores populares do Brasil. Seu cancioneiro, maior do que as atitudes do artista engajado que ele tem o direito de ser, sobreviverá ao nosso tempo.
Chico é grande pelas canções que compõe. Não importa se você aprova o apoio dele a Dilma.
Arte é arte. Engajamento de artista é outro negócio. É direito do cidadão livre. Não misturo as duas coisas.